Descrição
Palmeira de até 2 m de
altura, com folhas em forma de leque, profundamente fendidas, verde-azuladas,
com um pecíolo afiado. As flores são pequenas e achatadas, e estão associadas em
espádices. O fruto é uma drupa ovóide, de cor azul quase preto, quando está
maduro.
Cresce espontaneamente em
solos arenosos, no sul dos Estados Unidos, onde forma colónias por vezes
impenetráveis.
Parte utilizada
Os frutos.
Princípios ativos
O fruto do sabal é
geralmente usado para obter um extrato de lípidos. Os principais grupos de
constituintes presentes no referido extrato são os ácidos gordos livres e os
respetivos ésteres de etilo, triglicéridos, álcoois gordos, fitoesteróis
(beta-sistosterol) e alguns triterpenos.
Entre os ácidos gordos,
predominam os ácidos oleico, laurico, mirístico, linoleico e linolénico. Os
ácidos palmítico, caproico, capílico e cáprico estão presentes em pequenas
quantidades. O óleo tem um aroma característico devido à presença de ésteres
etílicos de ácidos gordos, sendo encontrados em maior proporção o laurato de etilo.
Foram isolados dois monoacilglicéridos: 1-monolaurina e 1 monomirisina.
Flavonoides: rutina, rhoifolina, isoquercitrina
e kamferol.
Aminoácidos.
Carotenos.
Resina.
Taninos.
Óleo essencial.
Hidratos de carbono: 28%
de açúcar invertido, manitol, amido e polissacarídeos de elevado peso molecular
(até 500.000 ou mais) com galactose, arabinose e ácido urónico.
Ação farmacológica
A importância terapêutica
do fruto do sabal reside na utilização do extrato lipoesterólico no tratamento
da hiperplasia benigna da prostáta. Para isso contribuem as ações do extrato,
que comentamos de seguida:
Ação antiandrogénica. O
extrato inibe as duas isoenzimas de 5-alfa-reductase (enzima que permite a
conversão da testosterona em dihidrotestosterona, um andrógeno ativo na proliferação
das células da próstata), tanto no epitélio como no estroma da próstata, de
forma dependente da dose e não competitiva. Esta inibição deve-se,
principalmente, à fração saponificável (ácidos laurico, linoleico e mirístico).
A fração insaponificável, composta maioritariamente por fitosteróis, mostra uma
ligeira inibição da 5-alfa-redutase. Reduz a ligação da testosterona e da
dihidrotestosterona aos tecidos. Interfere, competitivamente, na união da
dihidrotestosterona aos recetores androgénicos do citoplasma das células da
próstata. Esta ação é menos potente nos recetores nucleares do que nos
citosólicos. Por outro lado, na comparação antes e depois do tratamento com o
extrato de lípidos, não são detetadas alterações no plasma nos níveis hormonais
de testosterona, hormona estimulante do
folículo e hormona luteinizante.
Ação anti-inflamatória. O
extrato tem um efeito inibidor de ambas as vias do metabolismo do ácido araquidónico
(via da ciclooxigenase e via da 5-lipoxigenase). Esta ação parece não estar relacionada
com a inibição da fosfolipase A2. A fração lípida ácida do extrato inibe as
vias da ciclooxigenase e 5-lipoxigenase com a mesma intensidade que o extrato
inicial; enquanto as frações de álcoois gordos e de esteróis, bem como o beta-sistosterol,
não apresentam efeito inibitório em nenhuma das vias. Além disso, o extrato tem
uma ação antiedematoss, em modelos experimentais in vivo, atuando sobre a fase
vascular da inflamação (inibição da histamina).
Ação espasmolítica. As
ações acima referidas são responsáveis pela eficácia do fruto do sabal para o
tratamento da sintomatologia da hiperplasia da prostata. No entanto, embora a
ação antiandrogénica e a atividade anti-inflamatória possam produzir uma
diminuição do tamanho da próstata, este efeito não é observado após o
tratamento com este fármaco. Assim, a melhoria dos sintomas, sem uma redução
significativa do volume da próstata, sugere uma ação sobre a musculatura lisa
da próstata, diminuindo o seu tom. O fruto do sabal produz um efeito espasmolítico
no útero do rato, na bexiga urinária e na aorta. Esta ação pode estar
relacionada com a inibição da entrada de cálcio na célula e com a inibição da
calmodulina, mas estas duas ações não são suficientes para explicar a atividade
espasmóltica. De facto, dá-se também uma ativação na troca de Na+/Ca2+, uma
distorção da mobilização intracelular de cálcio, provavelmente mediada pelo AMPc,
e uma indução da síntese proteica de componentes importantes para a atividade
espasmóltica. Gutierrez M., Hidalgo A., Cantabran B. Spasmolytic activity of a
lipidic extract from Sabal serrulata fruits: further study of the mecanisms
underlying this activity. Planta Med. 1996;62:507-511.
Além disso, o fruto do sabal
reduz a atividade basal dos canais K+ e da proteincinase C nas células do ovário do hamster. Um
pré-tratamento destas células, com o extrato do fruto de sabal, suprime o
efeito da prolactina sobre a condutância de Ca2+ e K+, e sobre a proteincinase
C. Assim, o extrato pode bloquear o crescimento da próstata, induzido pela
prolactina e inibir alguns passos nos sinais de transdução do recetor da
prolactina.
Ação antiproliferativa.
Estudos sobre diferentes
linhas de células de cancro urológico humano mostram que o extrato do fruto do sabal
inibe as proteases necessárias para a invasão de células tumorais. O extrato
hexânico inibe o fator básico de crescimento dos fibroblastos sem afetar a proliferação
de células basais. Este extrato também modula a proliferação de células da
próstata dependentes do androgénio. Observou-se uma ação citotóxica dos
compostos 1-monolaurina e 1-monomiristina sobre células da próstata humana.
Indicações
Adenoma benigno da
próstata: casos moderados ou inoperáveis, redução antes da adenectomia ou
tratamento de sequelas pós-cirúrgicas.
Manifestações urinárias
associadas ao adenoma benigno da próstata: disúria, tenesmo, nicturia, polaciúria.
A hipertrofia prostática benigna
e os sintomas urinários relacionados são alterações muito comuns em homens mais
velhos. Apesar da grande importância clínica, muitos aspetos da sua etiologia
ainda são duvidosos, embora seja geralmente aceite que a idade avançada, e os
andrógenos testiculares são requisitos necessários para o desenvolvimento
destes sintomas, mas também estão envolvidos fatores inflamatórios,
imunológicos, fatores de crescimento ou aumento do tom das fibras musculares
lisas do colo da bexiga e da próstata. A maioria das opções terapêuticas
atualmente disponíveis incluem: vigilância, mudanças no estilo de vida,
tratamentos médicos e terapias invasivas.
Devido à patogénese
multifatorial da hipertrofia benigna da próstata, é evidente que o uso de
agentes com uma única ação bem definida, como os inibidores da 5alpa reductase,
só podem ser administrados, com sucesso, num grupo reduzido de pacientes.
Ensaios farmacológicos e estudos clínicos demonstraram múltiplos mecanismos de
ação nos preparados fitoterapêuticos utilizados no tratamento da hipertrofia
benigna da próstata, tornando-os numa alternativa útil e racional no tratamento
desta patologia. No entanto, são necessárias mais análises para determinar os
princípios ativos, estabelecer o seu mecanismo de ação e as suas propriedades
farmacocinéticas.
Em muitos países
europeus, é comum o uso de fitofarmacêuticos para o tratamento da hipertrofia prostática
benigna e dos sintomas urinários relacionados, e estes produtos representam até
80% de todos os medicamentos prescritos para esta patologia. São especialmente
populares os extratos de frutos de Sabal e de Urtiga dioica. Ao longo dos
últimos anos foram publicados numerosos artigos com informações detalhadas
sobre a atividade e avaliação clínica destes remédios à base de plantas. Estas
investigações alargaram não só a base científica para a utilização racional dos
fitofarmacos, como também demonstraram a sua eficácia e segurança terapêuticas.
Na maioria dos pacientes
com hipertrofia benigna da próstata, o principal objetivo do tratamento é
aliviar sintomas irritantes e obstrutivos (nicturia, tenesmo, polaciúria,
esvaziamento incompleto etc.). Uma
publicação recente, de um estudo clínico com extrato de frutos de Sabal,
sozinho e em combinação com outros
agentes fitoterapêuticos, mostram que estas preparações melhoram
significativamente os sintomas do trato urinário e a sua eficácia é semelhante
quando comparada com finasterida . Os extratos eram geralmente bem tolerados,
produziam menos efeitos secundários, e eram mais baratos que os inibidores da
5-alfa-reductase ou os antagonistas dos alfa-adrenoreceptores. Portanto, estes
produtos são uma opção segura e barata para pacientes com hipertrofia prostática
benigna e os seus sintomas urinários associados.
Metástase de cancro da
próstata.
Prostatite aguda e
crónica não infeciosa.
Problemas ginecológicos
causados por estimulação androgénica excessiva: hirsutismo, virilismo, acne
androgénico etc.
Doenças relacionadas com
a ação da prolactina
Contraindicações
Não foram descritas.
Precauções e Interações com
medicamentos
Pode interferir com a terapia
hormonal de substituição.
Efeitos secundários e
toxicidade
São raros, mas podem
ocorrer:
Distúrbios
gastrointestinais: náuseas, diarreia, dor abdominal. Neste caso, recomenda-se
tomar durante as refeições.
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