Mais do que uma árvore
como tal, esta planta poderia ser considerada como uma planta herbácea gigante,
uma vez que o seu tronco é quase herbáceo. O seu tronco é frágil e muito
esponjoso, oco na parte central, tem 30 cm de diâmetro, com látex, ereto,
simples e sem ramos; termina numa coroa de folhas no topo. A casca é
acinzentada e tem numerosas cicatrizes orbiculares que são as marcas das folhas
antigas. Pode atingir os 3-8 m de altura. Espécie normalmente dioica, embora
por vezes na cultura seja monoica ou poligama. As folhas são alterna e
próximas entre si, verde escuro e grossas, e até 80 cm de comprimento, palmatilobadas,
com os lóbulos, por vezes, pinatifidos, até 60 cm de comprimento. O nervo é
proeminente na parte de baixo. Pecíolo com nervuras 50-100 cm de comprimento.
As flores dioicas,
embora raramente monoicas, agrupadas no final do tronco. Podem ser
encontrados diferentes sexos, sendo estes: plantas com flores femininas, com
flores hermafroditas e com flores masculinas.
- As flores femininas são
maiores, solitárias ou em inflorescências curtas, axilares e com um pedúnculo
curto, têm um cálice formado por uma coroa ou estrela de 5 pontos muito
pronunciada e fácil de distinguir. Acima deste está o ovário, coberto pelas
sépalas; estas são cinco, branco-amarelado e, quando muito tenras, são
ligeiramente violeta na ponta; não estão agarradas. Os estigmas são cinco,
amarelos e em forma de leque. Os frutos são globosos e grandes. Não produzem pólen,
pelo que, para a fecundação dependem do pólen produzido por flores masculinas
ou hermafroditas de outra árvore. Os frutos destas flores são globosos e lobulados.
- A flor hermafrodita é
elongata, tem 10 estames colocados em dois grupos; a flor é alongada e
cilíndrica, tal como o ovário, produz frutos alongados. O último tipo de
flor é o intermédio ou irregular, não é uma
flor bem constituída, produz frutos deformados.
- As flores masculinas
são perfumadas, creme amarelado e crescem em pedúnculos compridos, com mais de
50 cm de comprimento e nas extremidades encontram-se cachos compostos por 15-20
flores. As flores são formadas por um tubo comprido, com pétalas soldadas, em cujo interior se encontram 10 estames, colocadas em dois grupos de cinco cada. A
flor tem um pequeno pistilo rudimentar e carece de estigmas. Estas flores não dão frutos,
mas se o fizerem são frutos pequenos e de má qualidade. Este é o caso mais
frequente na papaia crioula, que inclui indivíduos com os três sexos.
O fruto é ovóide ou
esférico-piriforme, de 10-20 cm de comprimento, carnudo e globuloso, geralmente
com 5 ângulos de tamanho variável e cor de laranja quando maduro, a polpa é
amarela-alaranjada. Contém numerosas sementes pretas e globulares que estão
dispostas na sua cavidade central, são achatadas, cobertas com um material
transparente e gelatinoso, coladas à polpa por um tecido branco e fibroso, com
endosperma carnudo. Os frutos das plantas femininas são lisos e arredondados,
grandes com muitas sementes e com uma cicatriz pentagonal na base do fruto. Os
frutos produzidos por plantas hermafroditas são elipsoides ou alongados, com
ranhuras na superfície e com uma cicatriz arredondada na base. São mais pequenos e com
mais polpa, menos sementes e às vezes menos sabor do que aqueles provenientes das flores
femininas. Plantas masculinas ocasionalmente produzem frutos, mas estes quase
nunca são comerciais. A pele do fruto é macia e contém um líquido leitoso e
branco (látex) que se solidifica rapidamente no início do amadurecimento do
fruto, o látex desaparece gradualmente. Pertence à família das Caricáceas.
É originária do México e da América Central, de acordo com alguns autores, e dos Andes do Peru de acordo com outros. Atualmente é cultivada na Florida, Hawai, África Oriental, África do Sul, Índia, Ilhas Canárias, Malásia e Austrália. Habita em climas quentes, semi-quentes e semi-secos. Cresce em pomares e está associada à selva tropical caducifolia, subcaducifolia, subperennifolia, perennifolia, bosques mesófilos de montanha, de encimo e pinheiro. O calor e a humidade são condições fundamentais para que esta árvore se desenvolva.
Seu nome, Carica, vem do grego karike, nome de uma figueira, colocado por Linneo pela semelhança das
suas folhas. Papaia, adaptação do seu nome nativo das Caraíbas. É também
conhecida pelo nome de papaio, papaiópio, leitoso, fruta-bomba, mammon,
ababaia, melão, mamao, mamén, zapote, capaidso, naimi, nampucha e pucha.
A papaia é um fruto
tropical, usado desde há muitos anos pelas suas excelentes propriedades digestivas.
Tradicionalmente, nos países de origem, é costume suavizar a carne,
embrulhando-a em folhas de Papaio por algumas horas.
Parte utilizada
O látex obtido por
incisão nos frutos imaturos (papaias), que também pode ser obtido a partir das
sementes e da planta inteira. Além do látex, são utilizadas as enzimas obtidas a partir dele
(papaína) e, em menor medida as frutas, as folhas e as sementes.
Princípios ativos
Os frutos:
Enzimas proteolíticas:
Papaína, quimopapaína A e B, proteinase A e B, papaiapeptidase A, lisozima, quitotransferase,
glicosidases, lipases, fosfatases, cicloligases. O látex seco constitui o que se
denomina papaína bruta, composto por esta mistura de enzimas proteolíticas.
Todas são proteínas compostas por um número variável de aminoácidos. Por
exemplo, a papaína é composta por 212 aminoácidos, é um pó amorfo solúvel em
água, resistente ao calor e o seu pH ideal está entre 5 e 7. A quimopapaína, de
características semelhantes à anterior, é constituída por 218 aminoácidos. A papaia
madura não contém papaína, exceto nas sementes.
Açúcares simples e
oligossacarídeos.
Vitaminas, principalmente
A e C, bioflavonoides.
Carotenos.
Glicosinolatos: glicotropeolina.
Sais minerais: potássio,
magnésio e cálcio.
Ácidos orgânicos: ácido
cítrico, málico.
Compostos voláteis. Cerca
de 134 compostos voláteis foram encontrados na polpa da papaia, entre os quais
se destacam o linol, o bencil, o isotracinato, o bencilisotiocianato, o ácido
butanoico, glicosídeos arénicos. São eles que determinam o cheiro e o sabor das
frutas.
Resina.
Pigmentos: licopeno
(encontrado na variedade do tipo solo (havaiano); criptoxantinas (na papaia de
carne amarela (La Cartagena)).
* As folhas:
Enzimas proteolíticas.
Alcaloides piperidínicos (carpaína).
Glicosídeo: carposídeo.
Pequenas concentrações de
nicotina.
*As sementes:
As sementes frescas
também contêm um composto chamado carpasemina.
Alcaloides piperidínicos:
carpaína ou caricina (semelhante à sinigrina).
* A casca:
Xilitol.
*Papaína:
A papaína crua contém um
pouco de água, glícidos, ácidos orgânicos e uma mistura de enzimas, das quais
se destacam as chamadas proteases, que atuam, quebrando as ligações peptídicas
em qualquer lugar da cadeia de peptídeos, na qual estão localizados
(endopeptidases). Dentro destas enzimas proteolíticas, a encontrada em maior
quantidade é a papaína, da qual se distinguem a Papaína I, ou papaína propriamente
dita, e a Papaína II ou quimopapaína, que é mais estável em meio ácido, mas a
sua atividade proteolítica é quantitativamente menos marcada do que a anterior,
pois só coagula o leite. Além disso, também contém pequenas quantidades de
outras enzimas: papaiapeptidase A, lipase, lisozima (enzima que decompõe as
paredes da célula bacteriana), proteinase A e B, quitotransferase, glicosidases,
fosfatases, cicloligases.
A papaína pura é uma
proteína composta por 212 aa, que se encontram enroladas em duas partes
separadas por uma ponte que tem um lugar ativo com um grupo de tiol (SH) livre.
A papaína é uma enzima de baixa especificidade, que hidrolisa tanto as
proteínas como os péptidos de pequeno tamanho, amidos e ésteres. Atua, preferencialmente,
sobre os aa básicos, Leucina e Glicina, bem como sobre Arginina, Lisina e Fenill-Alanina
(estão em ligações próximas ao grupo carboxil da fenilalanina). É ativado pela
cisteína (aa), tiossulfato (composto de enxofre) e a glutatião. É inibido ou
inativado por iões metálicos (zinco, cádmio, ferro, chumbo), oxidantes (H2O2,
radicais livres, etc.) e por agentes que reagem com os tiões (ácido ascórbico).
A papaína não é absorvida,
por isso só atua ao nível do aparelho digestivo. Atua de forma semelhante à
pepsina e à tripsina, enzimas contidas no suco gástrico e pancreático.
Ação farmacológica
* Em uso interno:
O látex:
Digestivo, uma vez que promove
o processo digestivo (enzimas). As enzimas da papaia são proteolíticas, por
isso favorecem a digestão de proteínas.
Antihelmíntico ou vermífugo
(bencilisotiocianato, papaína). A papaína é uma enzima proteolítica que digere as
proteínas e, portanto, dissolve a queratina ou chitina, que cobre o corpo dos
helmintos intestinais, protegendo-as contra a ação dos sucos digestivos do
intestino. Causa a proteólise de oxíurus e tricocéfalos.
Anticoagulante (papaína).
Antidiarreica.
Reduz a inflamação intestinal
(papaína).
Antioxidante (papaína). A
Papaína estimula a produção de SOD (enzima superóxido dismutase), que é a
enzima que elimina os radicais hidroxilo e, assim, bloqueia o processo de
formação de radicais livres desde o início. Ao atuar, a SOD, como uma verdadeira
droga contra a inflamação e a fibrose, papaína é muito útil em caso de
reumatismo. Os seus benefícios também foram confirmados por pessoas afetadas
pelo vírus do VIH e da hepatite B ou com diabetes dependentes da insulina.
Reduz os efeitos
secundários associados à radiação e à quimioterapia (papaína). Neste sentido,
foram realizados vários ensaios clínicos com doentes que sofrem de diferentes
tipos de cancro, para verificar o efeito das preparações enzimáticas. Assim,
por exemplo, em doentes com cancro do cólo do útero avançado localizado, a
administração oral de uma mistura de papaína, tripsina e quimiotripsina
produziu um efeito benéfico, reduzindo significativamente os efeitos adversos
da radiação, tais como sintomas genitourinários, alterações subcutâneas e
reações da mucosa vaginal. Os mesmos resultados positivos foram alcançados em
doentes afetados pelo cancro da cabeça e pescoço, submetidos à radiação
fracionada, em que a disfagia, as reações dérmicas e a mucosite diminuíram
significativamente. Seria desejável realizar mais testes.
Antibacteriana. Observou-se
que a papaína reduz, significativamente, as populações de agentes patogénicos facultativos,
tais como: Escherichia coli, Staphylococus albus, Klebsiella pneumoniae e
Enterobacter cloaceae.
Antitóxico para as
toxinas diftérica e tetánica devido ao seu teor de papaína.
A papaia ajuda o corpo a
produzir mais arginina, um aminoácido essencial que ativa o HGH, uma hormona de
crescimento que é importante para o rejuvenescimento celular e para a
reconstrução de células no fígado, músculos e ossos. Até a pele beneficia da
arginina: torna-se macia e é capaz de se regenerar.
Estimulante das defesas
do organismo. A papaína mobiliza e divide os "complexos
imunológicos", que são agregados compostos por vários antigénios e
anticorpos, de forma a facilitar a sua renovação. Como o sistema imunológico
desempenha um papel fundamental em inúmeros processos fisiológicos, a papaína
é, portanto, uma grande aliada da nossa saúde.
Analgésico (papaína). Nos
Estados Unidos, o seu uso médico foi aprovado para aliviar a dor, com injeções
na coluna vertebral.
Contracetivo (em grandes
doses).
Alimento alcalinizante.
Anti-inflamatório. A papaína
é uma enzima proteolítica útil no controlo de hematomas, inchaço e edema
causados por lesões traumáticas ou anti-inflamatórias. Contusões, entorses,
úlceras de varicose e qualquer quadro clínico que inclua a flogose e a exudação
do tecido. Eficaz na melhoria da sintomatologia relacionada com a episiotomia.
Segundo alguns estudos
atribuem-lhe as seguintes propriedades:
Observou-se que o látex
induz a contração do íleo de cobaia através da ativação dos recetores de
histamina H1 e, provavelmente, também favorecendo a entrada de Ca
2+extracelular.
Também causa efeitos
uterotónicos que são mais poderosos nas últimas fases da gestação, aqueles que
correspondem a um nível estrogénico mais elevado no plasma. Este efeito pode
estar relacionado com a atividade alfa-adrenergica.
Alguns estudos indicam
que também tem um efeito antifúngico (candida albicans).
Segundo alguns autores, a
papaína também é usada como uma ajuda para reduzir tumores cancerígenos e
linfáticos, uma vez que diminui o fator tumoral necrótico (TNF).
Outros usos da papaína:
Na indústria alimentar, a
papaína é utilizada para amaciar a carne. Também pode ser usada para clarear a
cerveja.
A papaína também é usada na
preparação de soluções de limpeza para lentes de contacto, embora tenha sido descrito
algum caso de angioedema ocular e periorbital após a utilização de lentes de
contacto limpas com esta solução.
* Fruto:
Antihelmíntico (enzimas proteolíticas).
Antibiótico e antifúngico
especialmente contra cândida albicans (enzimas proteolíticas, isotiocianato de
bencilo).
Efeito bacteriostático
contra vários microrganismos (enzimas proteolíticas).
Antioxidantes (enzimas
proteolíticas).
Anti-inflamatório (papaína).
Analgésicos (enzimas
proteolíticas).
Anticoagulante (enzimas
proteolíticas).
Antidiarreico (enzimas
proteolíticas).
Diurético.
Segundo alguns autores
tem propriedades: relaxantes do músculo esquelético, hipotensivo e cronotrópico
positivo (aumenta a frequência cardíaca).
Alguns estudos realizados,
atribuem-lhe as seguintes propriedades:
Contracetivo. Segundo os
investigadores, esta ação pode dever-se ao facto do seu consumo inibir a
secreção da progesterona hormonal e das sementes da papaia estimularem a
contração uterina.
Hepatoprotector. Estudos
realizados em animais experimentais demonstraram que os extratos etanólico e aquoso da papaia têm
um efeito hepatoprotetor na toxicidade induzida pelo tetracloreto de carbono.
* As folhas:
Anithelmínticas (papaína).
Antimaláricas.
Hipotensivas e bradicardizantes
(carpaína). A carpaína é um alcaloide presente nas folhas que é utilizado na
regulação da pressão arterial. Em doses baixas atua como um vasodilatador,
reduzindo a pressão, enquanto que em doses elevadas tem o efeito oposto.
Devido ao seu conteúdo em
carpaína:
Inibem, in vitro,
culturas de Mycobacterium tuberculosis (agente causal da tuberculose).
Tem atividade antitumor.
Relaxantes do músculo
uterino.
Broncodilatador e anti-asmáticas.
Antiamebiásicas.
Sedativo e relaxante
muscular.
*As sementes:
Antihelmínticas
(carpasemina das sementes frescas).
Antiamebianas
(carpasemina das sementes frescas) que explica a sua clara ação terapêutica em
alguns casos de diarreia crónica.
Bactericidas e atuam
contra infeções urinárias resistentes.
Estudos realizados mostram
que os extratos de epicarpo, endocarpo e sementes de papaia, mostraram uma
atividade antibacteriana significativa, especialmente contra germes
enteropatogénicos (bacillus subtilis, enterobacter cloacae, escherichia coli,
salmonela typhi, staphylococcus aureus,
proteus vulgaris, pseudomonas aeuruginosa). Esta ação antibacteriana
parece estar relacionada com as suas propriedades antioxidantes, eliminando o
excesso de radicais hidroxílicos e superóxido produzidos pelo metabolismo
celular dos enteropógenos.
Antihipertensivas
(carpaína).
Atua sobre o coração de
uma forma muito semelhante à digitalina (alcaloide capaína). Melhora assim os
casos de insuficiência cardíaca e crises de taquicardia, mas, tal como a
digitalina, é tóxica e não deve ser usada a não ser por profissionais
estudiosos. É por isso que os tratamentos antiparasitários à base de sementes
de papaia não devem durar mais de quatro a cinco dias, para serem repetidos, se
necessário, dois ou três meses depois.
Oxitócica, estimulando a
contração do músculo uterino (as sementes). O extrato aquoso das sementes é
abortivo em ratos, apenas em doses elevadas, e pode causar efeitos tóxicos no
feto. No entanto, provou-se que não induz toxicidade crónica em ratos adultos.
Por outro lado,
observou-se também que o extrato etanólico das sementes de Carica papaia (80%)
inibe as contrações induzidas pela prostaglandina F2alfa e pela oxitocina no
útero do rato, de forma dependente da dose. Administrada em doses elevadas
causa toxicidade nos tecidos. O princípio ativo responsável também pode ser o
isotiocianato de bencilo.
Laxante (papaína que se
encontra tanto nas folhas da planta, como no fruto verde e, acima de tudo, nas
sementes; especialmente quando estão maduras).
Contracetivo masculino.
Foram realizadas algumas experiências para verificar o potencial contracetivo
masculino dos extratos das sementes. Assim, diferentes frações separadas a partir
do extrato clorofórmio, principalmente a fração de benzeno, tem demonstrado ter
efeito espermicida, mas não espermostático in vitro e, perda da fertilidade em
coelhos machos. Após a realização de numerosas investigações, os trabalhos mais
recentes parecem indicar que o efeito poderia ser restringido exclusivamente ao
espermatozoide, no qual ocorreriam alterações na membrana plasmática, uma vez
que outros parâmetros hormonais, testiculares, etc. não são alterados. Em
contrapartida, não se observa toxicidade sistémica nos animais tratados. Também
nos macacos, oralmente, foram observadas alterações em várias estruturas
envolvidas no desenvolvimento de células germinativas, sendo o efeito
duradouro, mas reversível. Também neste caso, não são afetados os parâmetros
hematológicos ou bioquímicos no sangue, pelo que não apresenta toxicidade
sistémica. Da mesma forma, foi publicado um trabalho no qual se demonstra o
potencial contracetivo em ratos machos, do extrato aquoso da casca, pela
diminuição da mobilidade do esperma e alteração da sua morfologia.
* A raiz:
Antigonorreico. Em África
é usado como antiblenorrágico e anti-sífilis.
Diurética. Foi observado
que alguns extratos de raiz de papaia possuem atividade diurética, por via oral,
em ratos, de forma equivalente à hidroclorotiazida.
Contracetivo. Na medicina
tradicional é usado como um contracetivo oral, em combinação com as raízes de
outras espécies (Plumbago rosea, Borassus flabellifer, Dolichos lablab e Shorea
robusta) durante os primeiros sete dias do ciclo menstrual. Ficou provado que
um extrato etanolico desta combinação,
administrado oralmente nos ratos (1000 mg/ kg/dia) durante 12 dias, começando
desde proestro, provoca alterações no epitélio da superfície endometrial que
impedem a preparação do endométrio para a anidificação do óvulo.
* A casca:
Redutor dos níveis de
bilirrubina, pelo que é utilizado no tratamento da icterícia (xilitol). No
extrato aquoso da casca de papaia, o xilitol foi isolado, provando-se
experimentalmente útil em casos de icterícia, com uma diminuição da bilirrubinemia
e da taxa de plasma de fosfatase alcalina.
Antihemolítica (xilitol).
* Em uso externo:
Analgésica. A quimopapaína
tem sido utilizada no tratamento da ciática lombar, injetada diretamente nos
espaços intradiscais (quimionucleolise), uma vez que hidrolisa os
proteoglícanos que se acumulam nos discos intervertebrais e que são a causa da
dor. A principal desvantagem da quimonucleose é que a quimopapaína pode causar
reação anafilática (aproximadamente 1% dos pacientes). Também pode causar
alergia cutânea.
Cicatrizante (devido à
sua riqueza em enzimas). Na unidade pediátrica de alguns hospitais em África, a
C. papaia é usada para a cicatrização de queimaduras, sendo bem tolerada pelas
crianças. A polpa dos frutos é amassada e aplicada, diariamente, nas
queimaduras infetadas, sendo benéfica em feridas e queimaduras, possivelmente,
devido à atividade proteólítica das enzimas papaína e quimopapaína, bem como à
atividade antimicrobiana.
Eliminar verrugas (látex
das folhas).
Limpar as feridas
infetadas (papaína). Foi amplamente utilizada durante a Guerra do Vietname, assim
como foi o medicamento de guerra durante os conflitos que ocorreram durante
vários séculos naquela região do Vietname.
Vulnerario.
Indicações
* Em uso interno:
Distúrbios digestivos:
dispepsias, digestão pesada, úlcera péptica, gastrite, hérnia do hiato ou pirose
(azia), insuficiência pancreática exócrina (diminuição na secreção dos sucos
pancreáticos), gastroenterite, diarreia infantil, etc.
Infeções parasitárias
intestinais: ascaridíase, enterobiase, teniase, toxocariase ou tricuriase.
Inflamações do fígado,
rins e ovários.
Prisão de ventre.
* As folhas:
Malária.
* Em uso externo:
Queimaduras.
Remover verrugas (látex).
Afeções da pele:
psoríase, eczema escamoso, abcessos, etc.
Afeções das mucosas
orofaringes, lesões bucais pós-operatórias e acidentais.
Também pode fazer parte
de preparações destinadas à limpeza de lentes de contacto córneas, gotas para
os ouvidos (5% papaína, 2% de bicarbonato de sódio, 15cc de água destilada).
Picadas de insetos e
medusas (papaína).
Contraindicações
Não deve ser administrado
simultaneamente com anticoagulantes, nem em doentes com problemas de coagulação.
Infeções sistémicas e
hipersensibilidade às enzimas proteolíticas extraídas da papaia Carica.
Hipersensibilidade à papaína.
Hipersensibilidade ao
látex. O látex apresenta reatividade cruzada com certos frutos com os quais
partilha certos determinantes alergénicos (kiwi, banana, castanha, abacate e
papaia), pelo que um sujeito com hipersensibilidade ao látex pode apresentar
uma reação anafilática ao ingerir estes frutos.
Gravidez. A papaia não
deve ser usada durante a gravidez devido à possibilidade de indução de abortos
ou ao aparecimento de efeitos embriotóxicos ou teratogénicos. Há algumas evidências
positivas de risco para o feto humano, mas não sistematizadas.
Lactação. A papaia não
deve ser utilizada durante a lactação devido à ausência de dados para suportar
a sua segurança. Desconhece-se se os componentes da papaia são excretados em
quantidades significativas com o leite materno e se isso pode afetar a criança.
Recomenda-se parar de amamentar ou evitar a administração da papaia.
Precauções e Interações com
medicamentos
As preparações artesanais
com fins terapêuticos devem ser utilizadas no prazo de 24 horas; após este
tempo o seu efeito não é assegurado.
O pó enzimático inalado
pode causar alergias.
Em doentes com
deficiência renal ou hepática grave.
Interações com medicamentos:
A papaia pode aumentar os
efeitos da heparina, dos anticoagulantes e dos antiagregantes plaquetários,
favorecendo o aparecimento de hemorragias.
Efeitos secundários e
toxicidade
Não foram reportadas
reações adversas nas doses terapêuticas recomendadas. Em doses elevadas, em
tratamentos crónicos ou em indivíduos particularmente sensíveis, podem ocorrer
reações adversas ao látex da papaia:
Respiratórias:
ocasionalmente pode induzir o aparecimento de rinite e asma. Em casos graves,
podem ocorrer reações anafiláticas.
Alérgicas/dermatológicas:
raramente pode provocar reações de hipersensibilidade ou dermatite de contacto.
Digestivas:
ocasionalmente pode provocar náuseas, vómitos, diarreia, tonturas,
prurido, erupção cutânea.
A carpaína em doses elevadas pode causar paralisia e depressão cardíaca.