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URTIGA VERDE

Urtica dioica L

Descrição


A urtiga verde é uma planta herbácea vivaz, de até 1 m, provida de pêlos urticantes. Hastes eretas e quadrangulares. Folhas ovais, dentadas, pontiagudas. Flores pequenas, esverdeadas e pouco chamativas, unissexuais, em cachos dispostos em diferentes pés. Fruto seco em aquénio.

Esta planta apresenta pêlos rígidos, que quando tocados causam um ardor irritante, misturado com dor; de facto, estes pêlos, ocos no interior e dotados de paredes resistentes, contêm no seu interior, uma substância urticante que se torna inofensiva com a secagem ou com uma breve imersão em água a ferver. Isto faz com que também seja conhecida como "Erva dos Cegos", uma vez que podem identificá-la ao tacto.

É uma erva má, de ampla distribuição cosmopolita, gosta de solos húmidos e ricos em matéria orgânica. Floresce na primavera e no verão.

Parte utilizada

Usa-se a planta inteira e às vezes a raiz.

 

Princípios ativos

* Sumidade florida:

 

Sais minerais muito abundantes (20%), principalmente ferro e sílica. Também potássio, nitratos, cálcio, enxofre e manganês.

Flavonoides: derivados de quercetol, kenferol e ramnetol.

Prótidos (15% de peso seco) ricos em lisina.

Vitaminas: A, B2, C, K1, ácidos fólicos e pantoténicos.

Clorofila a e b e outros pigmentos liposolúveis (carotenóides). A urtiga é a principal fonte de extração industrial de clorofila, um produto muito utilizado em pastas dentífricas e champôs, pelas suas propriedades desodorizantes e estimulantes do couro cabeludo.

Ácidos fenólicos derivados do ácido cinâmico. Ácidos clorogénico, cafeico, cafeilmálico.

Ácidos orgânicos: acético, butírico, cítrico, fórmico, fumárico.

Alcaloides. Betaína.

Fitosterois: Beta-sitosterol.

Os pêlos urticantes contêm histamina, serotonina, acetilcolina, colina, ácidos fórmico e acético.

Os caules têm uma composição semelhante às folhas, mas com uma menor concentração de princípios ativos.

 

* Raízes:

Polissacarídeos heterogéneos. Mucilagens como glucogalacturonanos, arabinogalactanos.

Esterois: Beta-sitosterol, estigmasterol, campestrol.

Lectinas: aglutinina de Urtica dioica.

Hidroxicumarinas. Escopoletina.

Lignanos: glicosídeos de seicosolariciresinol.

Taninos.

Mono e triterpenos.

* Sementes:

 

Mucilagens.

Proteínas.

Óleo (30%), com elevado teor de ácido linolénico

Tocoferois.

Ação farmacológica

* Folhas:

 

* Utilização interna:

 

Remineralizante, reconstituinte e antianémica por sais minerais.

Diurética: azotúrica, uricossúrica e clorúrica (flavonoides).

Anti-inflamatória. Foi provado in vitro que a urtiga inibe 5-lipoxigenase, inibindo a síntese de leucotrienos. A lectina apresenta atividade anti-inflamatória e estimula a proliferação de linfócitos. Demonstrou inibir, in vitro, a replicação do VIH, citomegalovírus, vírus sincitial respiratório e vírus da gripe A, provavelmente interferindo na fusão do vírus com as células.

Antirreumática e antigotosa.

Colagoga.

Hemostática ou anti-hemorrágica e adstringente (taninos).

Hipoglicémica.

Um pouco hipotensiva.

Depurativa (geralmente usada em caso de alergia a moluscos e crustáceos marinhos).

Galactogena.

Antiateromatosa (clorofila).

Um efeito que foi provado recentemente é que é capaz de potenciar o sistema imunitário através de uma das suas proteínas, a lectina, que estimula a proliferação dos linfócitos, as principais células do organismo, (Koller, 1997).

Também lhe foi atribuída uma capacidade notável de alcalinizar o sangue, facilitando a eliminação dos resíduos ácidos do metabolismo.

* Utilização externa:

Rubefaciente.

Analgésica.

Adstringente.

Estimulante do couro cabeludo (aminas vasoativas dos pêlos urticantes).

Desodorizante (clorofila).

* Raízes:

 

Antiadenomatosa prostática e adstringente

O mecanismo de ação implica uma possível interação dos princípios ativos da urtiga com as proteínas transportadoras dos andrógenos, o que modificaria a concentração dos andrógenos livres. Também ficou provado que os componentes não-hidrófilos da urtiga, especialmente os esteróis, inibem a atividade Na/K-ATPásica da membrana da próstata, reduzindo assim o metabolismo celular e inibindo o seu crescimento.

 

* Sementes:

 

Galactogoga, adstringente.

O óleo é emoliente.

Indicações

* Folhas:

 

* Utilização interna:

 

Infeções genitourinárias: cistite, uretrite, prostatite, pielonefrite.

Pedras nos rins e urinárias.

Hiperplasia prostática benigna.

Estados em que é necessário um aumento da diurese: edema, oligúria, excesso de peso com retenção de líquidos, hiperuricemia, gota, hiperazotemia, edema devido à insuficiência venosa.

Artralgias, reumatismo ósseo e muscular.

Anemias devido ao défice vitamínico ou minerais, convalescenças e astenia.

Diabetes.

Disquinesia hepatobiliar, colecistite, diarreia.

Pancreatite (aumenta a produção enzimática)

 

* Utilização externa:

 

Afeções da pele: acne, dermatite seborreica, etc.

Afeções do couro cabeludo: caspa, cabelo oleoso, alopecia, etc.

Estomatite, faringite.

Vulvovaginite.

Hiperidrose.

Hemorróidas.

 

* Raiz:

 

Prostatite, hipertrofia benigna da prostática, sequelas após a adenectomia.

 

Contraindicações

Hipersensibilidade a alguns dos seus componentes.

Gravidez. A urtiga maior não deve ser utilizada durante a gravidez devido à ausência de dados que avaliem a sua segurança. Foram realizados estudos em várias espécies de animais, utilizando doses várias vezes superiores às humanas, sem que tenham sido registados efeitos embriotóxicos ou teratogénicos; no entanto, não foram realizados ensaios clínicos em seres humanos, pelo que a utilização da urtiga maior só é aceite em caso de ausência de alternativas terapêuticas mais seguras.

Lactação. Desconhece-se se os componentes da urtiga maior são excretados em quantidades significativas com o leite materno e se isso pode afetar a criança. Recomenda-se que interrompa a amamentação ou evite a administração da urtiga maior.

Precauções e Interações com medicamentos

A planta fresca tem uma ação fortemente irritante na pele (picada), com a produção de uma pápula urente.

A sua utilização como diurético, em caso de hipertensão, doença cardíaca ou insuficiência renal moderada ou grave, requer controlo médico face ao perigo que pode representar o fornecimento descontrolado de líquidos, a possibilidade de descompensação da tensão. Devido ao seu efeito diurético, pode provocar um desequilíbrio hidroelectrolítico, que agrava a insuficiência cardíaca.

Quando prescrito a pacientes com diabetes, o médico deve monitorizar a glicose no sangue para ajustar, se necessário, a dose de insulina ou antidiabéticos orais.

A urtiga maior pode potenciar o efeito anti-inflamatório do diclofenaco.

É aconselhável uma ingestão adequada de líquidos, até 2 litros por dia, para evitar a desidratação.

 

Efeitos secundários e toxicidade

A decocção das raízes pode provocar irritação gástrica.

A dermatite é frequente devido ao contacto com a urtiga; no entanto, é rara após a ingestão de tisanas.

Estudos

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- Schulze-Tanzil G, de SP, Behnke B, Klingelhoefer S, Scheid A, Shakibaei M. “Efectos del remedio antirreumático hox alpha, un nuevo extracto de la hoja de ortiga, en las metaloproteinasas de la matriz en condrocitos humanos in vitro”. Histol Histopathol 2002 Apr;17(2):477-85.

- Randall C, Meethan K, Randall H, Dobbs F. “Urtica dioica para el dolor de articulaciones, un estudio exploratorio de esta terapia complementaria”. Complement Ther Med 1999 Sep;7(3):126-31.

- Obertreis B, Ruttkowski T, Teucher T, Behnke B, Schmitz H. “Inhibición ex vivo e in vitro del lipopolisacárido estimulador del factor alfa de necrosis tumoral y la secreción de interleukin-1 beta en la sangre humana por el extracto de la hoja de Urtica dioica”. Arzneimittelforschung 1996 Sep;46(9):936.

- Broer J, Behnke B. “Efecto inmunosupresor de IDS 30, un extracto de hoja de ortiga verde, en células dendríticas mieloides in vitro”. J Rheumatol 2002 Apr;29(4):659-66.

- Riehemann K, Behnke B, Schulze-Osthoff K. “Extractos de plantas de ortiga verde (Urtica dioica), un remedio antirreumático, inhiben el factor de transcripción proinflamatorio, NF-kappaB. FEBS”. Lett 1999 Jan 8;442(1):89-94.

- Tahri A, Yamani S, Legssyer A, Aziz M, Mekhfi H, Bnouham M, Ziyyat A. “Efectos diuréticos agudos, natriuréticos e hipotensores de una perfusión continua del extracto acuoso de Urtica dioica en la rata”. J Ethnopharmacol 2000 Nov;73(1-2):95-100.

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- Krzeski T., Kazon M. et al. “Combined extracts of Urtica dioica and Pygeum africanum in the treatment of benign prostatic hyperplasia: double –blind comparison of two doses”. Clin Ther , 15, 6:1011-20, 1993 Nov-Dec.

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Bibliografia

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