Descrição
Arbusto até dois metros
de altura, com ramos duros e pálidos. As folhas são alternas, biasserradas,
divididas em 3-5 lóbulos e com uma infinidade de glândulas resinosas na parte
inferior. As flores de cor verde avermelhado e com 5 pétalas, formam ramos
densos. Os frutos são bagas escuras e têm vestígios agarrados do cálice.
Trata-se de uma planta
espontânea na Europa Central e Oriental; nas zonas temperadas é cultivada.
Parte utilizada
As folhas. Os frutos e o
óleo obtido das suas sementes também são utilizados.
Princípios ativos
*Folhas
Flavonoides abundantes
(10,5%): principalmente rutosídeo, hioperosídeo, isoquercitrosídeo, quercetol,
3-glicosil kenferol, 3-galactosil miricetol e astragalosídeo.
Taninos catéquicos.
Vestígios de óleo
essencial, composto maioritariamente por derivados alifáticos e arénicos
oxigenados.
Ácidos fenólicos:
derivados benzoicos e cinâmicos.
Proantocianidois.
Diterpenos.
Ácido ascórbico.
*Frutos
Açúcares: 10-15%.
Antocianosídeos: glicosídeos
e ramnoglicosídeos em 3 do delfinidol e cianidol.
Flavonoides: rutosídeo e
derivados glicosilados em 3 do kenferol e do miricetol, quercitrosídeo e isoquercitrosídeo.
Vitamina C.
Ácidos orgânicos: cítrico
e málico.
Sais de potássio.
Pectina.
*Brotos
Ácido ascórbico ou vitamina
C
Antocianosídeos
Flavonoides
Aminoácidos (prolina e
arginina)
*Sementes
Óleo rico em ácido
linoleico (40-50%), linolenico (10-15%), de gama-linolenico (12-20%)
Ação farmacológica
*Folhas
Diurético azotúrico e
uricosúrico (flavonoides e óleo essencial).
Anti-inflamatório (antocianosídeos
e flavonoides). Inibe a libertação de histamina pelas células mastócitos e
ativa a secreção cortico suprarrenais.
Esta ação é comparável à da indometacina e do ácido niflumico, com a vantagem
de não ter potencial ulcerogenicidade.
Adstringente e
antidiarreia (taninos).
Hipotensivo (flavonoides).
Também aumenta o fluxo coronário.
Inibe a síntese das
prostaglandinas (flavonoides).
*Frutos
Vasoprotetor, capilarotropo
e angioprotector (antocianosídeos, flavonoides e vitamina C). Inibem a ação das
enzimas de degradação (elastasas, colagenasas, peroxidasas) sobre o tecido
conjuntivo. Melhora a circulação da retina e a acuidade visual.
Anti-radicalar (antocianosídeos
e polifenóis) contra os radicais superóxidos. Também inibe a xantino-oxidasa.
Antiespasmódico: produz
relaxamento do músculo liso.
Foi comprovada, experimentalmente,
a ação espasmolítica, ligeiramente hipotensiva e antibacteriana (contra
Escherichia coli e Staphylococcus aureus) dos extratos de frutos de groselha negra.
*Óleo
O ácido gama-linolenico é
um precursor das prostaglandinas E1, às quais são atribuídas um papel regulador
do organismo, intervindo direta ou indiretamente numa infinidade de processos
fisiológicos.
Indicações
*Folhas
Uricemia, gota, artrite,
artralgias e inflamações osteoarticulares em geral.
Situações em que seja
necessário aumentar a diurese: infeções urinárias, prevenção da litíase
urinária, litíase renal, etc.
Outros: diarreia e hipertensão.
*Frutos
Insuficiências venosas:
varizes, hemorroidas, flebite e tromboflebite; edema dos membros inferiores
devido a estase venosa.
Alterações na
permeabilidade capilar.
Retinite pigmentosa,
miopia progressiva, hemeralopia.
Associado com mirtilo é utilizado
para melhorar a visão noturna.
Arteriosclerose.
*Óleo
Hipercolesterolemias.
Prevenção da arteriosclerose.
Síndrome pré-menstrual e problemas
do climatério.
Uso tópico: dermatite,
ictiose, psoríase, secura e envelhecimento da pele.
Precauções
Insuficiência cardíaca. A
groselha negra deve ser usada com precaução no tratamento de edemas devido à
insuficiência cardíaca, uma vez que o seu efeito diurético pode provocar um
desequilíbrio hidroelectrolítico que agrave o quadro.
Insuficiência renal. A
groselha negra pode agravar a função renal.
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