Descrição
Árvore dioica, caduca,
que pode atingir os 40 metros de altura. Folhas em forma de leque, geralmente
bilobuladas, mas também podem ser quase inteiras ou muito divididas, com um
entalhe central, agrupadas em rebentos laterais. O pecíolo tem dois feixes de
tecido condutor que se dividem na lâmina de uma forma dicotómica, proporcionando-lhe
uma aparência estriada muito característica. O ginkgo caracteriza-se por órgãos
reprodutores especiais (aparelho reprodutor masculino reduzido a um saco de
pólen e um aparelho reprodutor feminino particular que depois da fecundação
pelos anterozoides, dá um óvulo de consistência drupacea) e por um fruto de
cheiro desagradável. As sementes estão rodeadas por um arilo amarelo carnudo.
Distribuição e ecologia:
Ornamental, procedente do Leste Asiático (China e Japão) onde é cultivada nas
proximidades dos templos.
Parte utilizada
Folhas, colhidas na
primavera.
Princípios ativos
A folha de ginkgo contém
dois grupos de compostos dotados de propriedades farmacológicas interessantes:
flavonoides (0,5-1%) e terpenos-diterpenos (até 0,5%, conteúdo muito variável
dependendo das árvores, da estação, etc.) e sesquiterpenos (bilobalido, 0,4%).
Os flavonoides são
representados por cerca de vinte heterosídeos flavonoides: O-glicosídeos,
O-ramnosídeos e O-rutinosídeos em C-3 de quercetol e kaenferol, e seus ésteres
de 4-cumaricos em 6'' (alguns dos quais são caracterizados por ter uma ligação
interossidica 1'→ 2'). A folha também
contém flavan-3-ois, proantocianidois e biflavonóides, todos biflavónicos com
ligação C-3' → C-8'' (amentoflavona, bilobetol e 5-metoxibilobetol, ginkgetol,
isoginkgetol, esciadopitisina). Os botões são os órgãos mais ricos em
flavonoides aciclados. O teor de biflavonóides é três a quatro vezes maior no
outono do que na primavera, época na qual o teor de monómeros é maior.
Conhecidos como ginkgolídeos
A, B, C, J (e M nas raízes), os diterpenos
do ginkgo têm uma estrutura hexacíclica
muito particular, caracterizada pela presença de uma cadeia espiro-[4,4]-nonánico,
pela do grupo tert-butílico e por três ciclos lactónicos.
Procianidois: oligomeros
do delfinidol e cianidol.
Esterois.
Polióis: pinitol e
sequóiitol.
Ácido 6-hidroxicinurenico.
Açúcares simples e
polissacarídeos.
**Os óvulos fecundados
devem o seu cheiro nauseabundo aos ácidos gordos de cadeia média (C4 a C8). A
sua parte carnuda contém alcenilfenóis oxidados em quinonas que podem ser
adicionados às proteínas e, portanto, induzir alergias cutâneas. A amêndoa
central contém por seu lado 4'-O-metilpiriridoxina (=ginkgotoxina),
potencialmente tóxica (a cocção das sementes destrói quase totalmente a
toxina).
Ação farmacológica
Neuroprotetor e
neurotrófico. Aumenta a oxigenação cerebral.
O efeito neuroprotetor
foi comprovado in vitro pelo efeito antioxidante e estabilizador da membrana,
específico para as células do hipocampo, juntamente com um efeito inibidor
reversível da MAO A e B. Também aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro e
diminui a infiltração de neutrófilos no encéfalo.
Este efeito neurotrófico
manifesta-se pelo aumento da nutrição e manutenção dos tecidos regulados pela
influência nervosa, que acelera a recuperação funcional após agressões no
sistema nervoso. O extrato aquoso do ginkgo reduz o metabolismo oxidativo dos
neurónios cerebrais, e aumenta o seu teor de glicose e ATP, permitindo alguma
tolerância à hipoxia. Esta ação deve-se às flavonas e antocianósidos que inibem
a peroxidação lipídica das membranas.
Vasoprotector-capilarotropo:
aumenta a resistência capilar, diminuindo a permeabilidade (flavonoides, procianidois).
Venotónico: aumenta o tono
venoso e atenua o espasmo das veias, reforçando as habilidades motoras venosas
(flavonoides, procianidois).
Vasodilator a nível
arterial, devido à sua ação miotrópica espasmóltica sobre a fibra muscular lisa
da média, aumentando a pressão da perfusão (procianidois).
Antigregante plaquetário,
ativa a síntese da prostaciclina, diminuindo a viscosidade sanguínea e a síntese
de tromboxano (hipoviscosizante).
O ginkgolídeo B é um
inibidor do PAF (fator de ativação de plaquetas), um mediador fosfolípidico intercelular
segregado por plaquetas, leucócitos, macrófagos e células endoteliais
vasculares. Este mediador está envolvido em vários processos: agregação de
plaquetas, formação de trombos, reação inflamatória, alergia, bronconstrição (o
que explica os ensaios realizados nos últimos anos, sobretudo para o tratamento
da asma). Esta atividade anti-PAF e as dos flavonoides, especialmente a sua
capacidade de capturar radicais livres, poderia explicar as numerosas
propriedades do extrato de ginkgo.
Inibidor da
ciclooxigenasa e da lipoxigenasa.
Ação anti-radicalar
(princípios polifenólicos).
Sobre a retina, um tecido especialmente
rico em ácidos gordos e muito sensível à lipoperoxidação por radicais livres, o
extrato de ginkgo tem um efeito protetor contra as retinopatias
experimentalmente induzidas pela administração crónica do cloroquina, uma
substância que produz a inflamação da retina e a produção de radicais livres.
Diurético volumétrico
(flavonoides).
Externamente, os
flavonoides favorecem e normalizam a secreção sebácea.
Indicações
Insuficiência vascular
cerebral. Melhora os distúrbios funcionais (dor de cabeça, vertigem, problemas
de memória e dicção, afrontamentos) e os comportamentais (desorientação,
agressividade, incoerência, angústia , etc.).
Diminuição do desempenho
intelectual.
Claudicação intermitente.
Recuperação de
neuropatias.
Microangiopatias,
retinopatias diabéticas e uveite.
Insuficiência venosa:
varizes, hemorroidas, flebiste e tromboflebite.
Prevenção da
arteriosclerose e tromboembolismos.
Prevenção do
parkinsonismo.
Recuperação pós-enfarte
do miocárdio.
Oligúria e prostatite.
Síndrome pré-menstrual.
Utilização tópica: eczema
seco, psoríase, pele seca, ictiose e parodontopatias.
Contraindicações
Hipersensibilidade
individual aos componentes do ginkgo.
Gravidez e lactação.
Interações
Heparina, anticoagulantes
orais e antiagregantes plaquetários. O ginkgo pode aumentar os efeitos destes
medicamentis e promover o aparecimento de hemorragias.
Reações adversas
Em doentes com
hipersensibilidade pode aparecer dermatite, dores de cabeça e distúrbios
digestivos.
Tamborini A, TaurelleR. « Interet de l´extrait standarise de Ginkgo biloba (Egb 761) dans la prise en charge des symptomes congestifs du syndrome premenstruel ». Rev. Gynecol. Obstet., 88,7-9:447-57, 1993 Jul-sep.
Haramaki N, Aggarwal S, Kawabata T et al. “Effets of natural antioxidant Ginkgo biloba extract (EGb761) on myocardial ischemia- reperfusion injury”.Free Radic. Biol. Med., 16, 6:7899-94, 1994 Jun.
Witte S et al. “Improvement of hemorrheological parameters by Gnkgo biloba extract”. Fortsch Med 12:247-50, 1992.
Koltai M et al. “Ginkgólido B protege corazones aislados contra arritmias inducidas por isquemia pero no por reperfusión”. Europ J Pharmacol 164: 293-302, 1989.
Estudos sobre o uso de Ginkgo biloba no tratamento da doença cérebrovascular:
Diversos estudos clínicos controlados, confirmaram a eficácia terapêutica do ginkgo nas alterações da função cerebral de origem isquémica, demências senis ligeiras e graves (Alzheimer). Em todos os casos verificou-se uma melhoria dos sinais e sintomas das funções cognitivas, especialmente daquelas relacionadas com perda de memória, atenção, alerta, vigilância e fluidez mental.
Kleijnen J, Knipschild P. “Ginkgo biloba”. Lancet 340:1136-9, 1992;
DeFeudis FV. “Actividades farmacológicas y aplicaciones clínicas del extracto de Ginkgo biloba (Egb 761)”. Elsevier, New York, 1991;
EW Funfgeld, Ed. Rokan. “Ginkgo biloba. Resultados recientes en Farmacología y Clínica”. Springer-Verlag, Nueva York, 1988).
Kleijnen J, Knipschild P. “Ginkgo biloba para la insuficiencia cerebral”. Br J Clinical Pharmacol 34:352-8, 1992
Grassel E. “La influencia del extracto de Ginkgo biloba EGB 761 en los parámetros básicos del funcionamiento mental. Estudio a doble ciego aleatorio, placebo-controlado, con medición ayudada de computadora”. Fortsch Med 110(5):73-6, 1992.
Gerhardt G, Rogalla K, Jaeger J. “Terapia de los trastornos del funcionamiento cerebral. Estudio comparativo aleatorio de dihidroergotoxina y extracto de Ginkgo biloba” Fortschr Med 108(19):384-8, 1990.
Hofferberth B. “Efecto del extracto de Ginkgo biloba en los resultados de medición psicométrica y neurofisiológica en pacientes con síndrome cerebro-orgánico. Un estudio a doble ciego contra placebo”. Arzneimittelforsch 39(II):918-20, 1989.
Claussen C-F, Kirtane MV. “ Estudio a doble ciego aleatorio en el efecto del extracto de Ginkgo biloba en el vértigo y andadura inestable en la gente mayor.” Springer-Verlag, 1985: 103-115.
Agustin P. “Extracto de Gingo biloba en geriátricos. Estudio psicométrico y clínico de 189 pacientes”. Psychologie Médicale 8:123-30, 1976.
Anadere et al. “Resultados hemoreológicos en pacientes con apoplejía completa y la influencia del extracto de Ginkgo biloba”. Clin Hemorheo 5:411-20, 1985.
Allain H, Raoul P, Lieury A, et al. “Efecto de dos dosis de extracto de Ginkgo biloba (Egb 761) en el test doble-codificante en sujetos ancianos”. Clin Ther 15(3):549-58, 1993.
Kleijnen J, Knipschild P. “Ginkgo biloba para insuficiencia cerebral”. Br J. Clinical Pharmacol 34:352-8, 1992.
Grabel E. “Insuficiencia cerebral. La influencia del extracto de Ginkgo biloba EGB 761 en los parámetros básicos del funcionamiento mental”. Estudio a doble ciego aleatorio, placebo-controlado con medición ayudada de computadora”. Fortsch Med 110(5):73-6, 1992.
Kristofikova Z et al. “Cambios de la absorción de colina de alta afinidad en el hipocampo de ratas viejas después de la administración a largo plazo de dos drogas nootrópicas (tacrina y extracto de Ginkgo biloba)”. Demencia 3:304-7, 1992.
Rai GS, Shovlin C, Wesnes KA. “Un estudio placebo-controlado a doble ciego del extracto de Ginkgo biloba “Tanakan” en pacientes ancianos no hospitalizados con deterioro de la memoria de leve a moderado”. Curr Med Res Opin 12(6):350-5, 1991.
Estudos sobre a administração de Ginkgo biloba nas doenças arteriais periféricas: Em pacientes afetos de claudicação intermitente, viu-se que os extractos de ginkgo aumentavam em 45% a distância percorrida, reduzindo de forma considerável as dores. Assim, observou-se por oximetria transcutânea uma rápida ação antiisquémica, com redução da zona isquémica avaliada em 38%.
Thomson GJ, Vohra RK, Carr MH et al. “ A clinical trial of Ginkgo biloba extract in patients with intermittent claudication”.Int. Angiol. 9, 2:75-8, 1990 Apr-Jun.
Schneider B “Extracto de Ginkgo biloba en las enfermedades arteriales periféricas. Meta-análisis de estudios clínicos controlados”. Arzneim Forsh 42(4):428-36, 1992).
Saudreau F et al. “Eficacia del extracto de Ginkgo biloba en el tratamiento de la enfermedad obliterativa arterial de la extremidad inferior en fase III, de la clasificación de Fontaine”. J Mal Vasc 14:177-82, 1989.
Rudofsky VG. “El efecto del extracto de Ginkgo biloba en casos de enfermedad oclusiva arterial. Un estudio cruzado controlado, a doble ciego”. Fortschr Med 105:397-400, 1987.
Bauer U. Tratamiento a largo plazo de la enfermedad arterial oclusiva periférica con el extracto de Ginkgo biloba (GBE). Un estudio de 3 años. Vasa Suppl 15:26, 1986).
A administração de Ginkgo biloba pode ser benéfica no edema cíclico idiopático.
Lagrue G et al. “ Edema cíclico idiopático. El papel de la hiperpermeabilidad capilar y su corrección por el extracto de Ginkgo biloba”. Presse Med 15(31):1550-3, 1986.
Bilgihan A, Aricioglu A, Bilgihan K et al. “ The effect of Egb 761 on retinal lipid peroxidation and glutathione peroxidase level in experimental lens induced uveitis”. Int.Ophthalmol., 18,!:21-4, 1994.
Matière Médicale. RR Paris- H. Moyse. Masson 1981.
Fitoterapia Aplicada. J.B. Peris, G. Stübing, B.Vanaclocha. Colegio Oficial de Farmacéuticos de Valencia 1995.
Fitoterapia: Vademecum de Prescripción. Plantas Medicinales. Colaboran: Asociación española de médicos naturistas. Colegio Oficial de Farmacéuticos de Vizcaya.
Plantas Medicinales. Thérapeutique-Toxicité. Christiane Vigneau. Masson, Paris 1985.
100 Plantes Medicinales. Max Rombi. Romart 1998.
The Complete German Commission E Monographs. Therapeutic Guide To Herbal Medicines. Mark Blumenthal. American Botanical Council 1998.
Farmacognosia. G.E. Trease y W. C.Evans. CECSA.
Farmacognosia. Fitoquímica Plantas Medicinales. Jean Bruneton. 2ª Edición. Ed. Acribia SA. 2001.
Farmacopea Herbolaria de los Estados Unidos Mexicanos, 2001.
Revista de Fitoterapia 2000; I:43-46.
Pharmacognosy, Phytochemistry, Medicinal Plants.Jean Bruneton. Lavoisier publishing.
Botanical Influences on Illness. Melvyn R. Werbach, MD and Michael T. Murray, N.D.