Descrição
Pequeno arbusto perene de
1,5 m. Tem ramos elásticos de cor castanho-avermelhado das quais saem folhas
opostas, coriáceas, ovais ou espatuladas, de toda a margem, macias, com um
pedículo curto e de cor verde escura. Tem flores em forma de cascavel, de cor
branca rosada e frutos em baga. As folhas são amargas e adstringentes.
Distribuição: matos e sub-bosques
de zonas frias e continentais do hemisfério norte.
Parte utilizada
As folhas.
Princípios ativos
A folha de uva-ursina
encerra 8-10% de água, 2-3% de materiais minerais.
Derivados hidroquinónicos,
entre os quais se encontra, como componente principal, a arbutina (=arbutosídeo)
(4-12%), que é o monoglicosídeo da hidroquinona. Outro derivado hidroquinónico,
a metilarbutina, encontra-se em quantidades variaveis, geralmente pequena. O
teor mínimo de derivados hidroquinónicos, prescrito pela RFE 1, é calculado em
8% como arbutina.
Também contém taninos
abundantes (15-20%), tanto galicos como catéquicos e elágicos (corilagina)
Um éster da arbutin com o
ácido gálico.
Flavonoides derivados do
quercetol: hiperosídeo, quercitrina, isoquercitrina, miricitrina.
Triterpenos pentacíclicos, com esqueleto do
tipo ursano: ácido ursólico, uvaol, beta amirina.
O iridoide heterosídico
monotropeína.
Piceosídeo: glicosídeo da
p-hidroxiacetofenona.
Resina.
Ácidos fenólicos
derivados do ácido benzóico (vestígios).
Ácido gálico, siríngico, salicílico e p-hidroxibenzoico.
Ácidos fenólicos
derivados do ácido cinâmico (vestígios): p-cumárico, ferúlico e cafeico.
Alantoína.
Ação farmacológica
Antisséptico urinário. O
efeito antibacteriano não se deve à arbutina como tal, mas à hidroquinona
libertada na urina por hidrólise dos seus produtos de excreção (glicuronídeo e sulfato de hidroquinona). O pH ligeiramente
básico da urina, necessário para a tal reação de hidrólise, pode ser
temporariamente induzido pela administração de bicarbonato de sódio ou também
por uma alimentação rica em vegetais.
O efeito antisséptico
parece dever-se a uma diminuição na hidrofobicidae da parede bacteriana.
Experimentalmente, a sua
eficácia antimicrobiana tem sido demonstrada, sobretudo contra a Staphylococcus
aureos, Bacilus subtilis, Escherichia coli, Salmonella typhi e Pseudomona
aeruginosa. Também demonstrou atividade antiprotozoaria (Trichomonas vaginalis)
e antiviral (herpes simplex) e citotóxica.
Diurético. (flavonoides).
A uva-ursina aumenta a eliminação de urina. Em ratos, foi provado um efeito aquarético. Não foi observada nenhuma
atividade natriurética.
Antilitiásico renal. Foi comprovado,
nos ratos Wistar, uma melhoria nos sintomas da urolitiase, principalmente,
devido ao efeito antisséptico urinário e ao efeito alclinizante que ajuda a dissolver
as pedras de ácido úrico.
Adstringente, antidiarreica
(taninos).
Indicações
Infeções do trato
urinário: cistite uretrite, prostatite, colibacilose.
Oligúria, retenção
urinária, edema.
Pedras nos rins.
Diarreia.
Também é utilizado como emenagogo
e uterotónico, para ajudar o período expulsivo do parto, ou como abortivo.
Vaginite, especialmente
de tricomonas.
Para desinfeção e cicatrização
de feridas.
Precauções
Durante o tratamento é
aconselhável uma ingestão adequada de líquidos (até dois litros por dia) para
evitar a desidratação. Também é aconselhável seguir uma dieta adequada com
frutas e legumes para alcalinizar a urina, ou administrar conjuntamente
bicarbonato.
Não é recomendada a
utilização de uva-ursina durante períodos superiores a 1 semana de tratamento,
ou mais de 5 vezes por ano, sem receita médica, devido ao possível efeito hepatotóxico
das hidroquinas.
Contraindicações
Gravidez e lactação.
Possível efeito hepatotóxico dos hidroquinas. A arbutina é teratogénica.
Não deve ser utilizado em
crianças menores de 12 anos devido ao seu possível efeito hepatotóxico.
Úlcera péptica e gastrite.
Podem ser agravados pelo efeito irritante dos taninos.
Insuficiência hepática. A
hidroquinona é hepatotóxica
Efeitos secundários
Em doses elevadas, em
tratamentos prolongados ou em indivíduos particularmente sensíveis, podem
ocorrer os seguintes:
Distúrbios digestivos
(náuseas, vómitos, obstipação).
Alterações hidroelectrolíticas
(hipernatremia).
Em caso de sobredosagem,
pode ocorrer nefrite intersticial, pielonefrite aguda ou glomerulonefrite. Também
pode ocorrer dano hepático.
Pode dar uma cor verde à
urina.
Interações
A uva-ursina pode
potenciar o efeito ulcerogénico destes medicamentos.
A uva-ursina pode
interferir na desobstrução renal de outros fármacos.
A atividade
antibacteriana do arbutosídeo depende do pH da urina, pelo que será diminuída
pela administração conjunta de fármacos que acidificam a urina, enquanto que
será potenciada por aqueles que a alcalinizam, ou pelo bicarbonato de sódio.
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