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DESMODIUM

Desmodium adscendens DC

Descrição

É uma planta que cresce em estado selvagem, na África negra e no Brasil. Esta planta, que se desenvolve como um parasita, especialmente de arbustos e palmeiras, é usada, ancestralmente, na África negra para combater, com sucesso, a icterícia. O gado, sobretudo os cavalos e as cabras, usam-no como forragem.

 

Pertence à família das Leguminosas (Papilonáceas).

 

É uma planta perene, herbácea, com ramos mais ou menos prostrados e as extremidades elevadas. As folhas são alternas e compostas por 3 pequenos folíolos (trifoliolados), pecioladas e estipuladas; os folíolos são ovais com uma parte superior glabra (sem pêlos) e uma parte inferior pubescente, o folíolo central é maior, os apices são ligeiramente lisos, as bases coradas e as margens intactas. Tem inflorescências terminais em forma de cachos de 5-8 cm. Os frutos são vagens sessis, que têm 4-6 nódulos e estão cobertos com pêlos, com uma sutura superior reta e uma sutura inferior sinuosa e incisa.

 

Colhe-se após a floração.

 

Parte utilizada

Utiliza-se a parte aérea não florida (caules e folhas).

 

Composição e propriedades

O desmodium é uma planta cuja composição química tem sido pouco estudada. São conhecidos poucos princípios ativos, responsáveis pelas suas ações. A maior parte das ações que lhe foram atribuídas, foram confirmadas, principalmente, através da experiência clínica realizada em países africanos, onde tem sido utilizada, sobretudo, para o tratamento de problemas asmáticos e para o tratamento de problemas hepáticos e gastrointestinais.

 

A planta seca apresenta um alto teor proteico (15-20%) e em minerais (silício, fósforo, cálcio, potássio, enxofre, magnésio, ferro, sódio, manganês, zinco e cobre).

 

Possui numerosas substâncias farmacologicamente ativas, que sugerem a presença de saponinas triterpénicas (n-butanol, F2 e L5), as quais podem inibir a contração do músculo liso das vias respiratórias, causadas por reações alérgicas, de diferentes formas, incluindo a diminuição da síntese e atividade dos leucotrienos (broncoconstrictores poderosos). Estudos realizados por Addy e Dzandu (1984-86-89) demonstram que a administração oral de D. adscendens reduzia os efeitos espasmogénicos dos mediadores de anafilaxia libertados dos tecidos pulmonares de animais sensibilizados, e reduziam o teor total de histamina no pulmão. Observou-se também que, com a administração oral, as contrações induzidas pela histamina do íleo isolado, foram inibidas.

 

A asma é uma disfunção caracterizada por um aumento na resposta a vários estímulos, tanto da traqueia como dos brônquios, que aparece como resultado da libertação de certos mediadores farmacológicos. As preparações de plantas, como é o caso do Desmodium adscendens, podem ser benéficas pela sua virtude de redução destes aumentos na resposta do músculo liso traqueo-brônquico, e a redução do número destes mediadores, poderiam ser úteis no tratamento de processos alérgicos, incluindo a asma.

 

Da mesma forma, verificou-se que o D. adscendens é muito mais eficaz, utilizado a nível profilático para prevenir, reduzir ou minimizar a frequência dos ataques asmáticos, do que se for usado uma vez que os mediadores químicos (histamina, etc.) tenham sido libertados em concentrações elevadas.

 

Também parece possuir alcaloides.

 

Entre os numerosos estudos e pesquisas realizados sobre o Desmodium, tanto em animais como em pessoas, destacam-se aqueles em que é utilizado para o tratamento de várias afeções hepáticas (especialmente em hepatite viral e tóxica), tentando comprovar se realmente tinha alguma ação no fígado, tendo sido observados diversos efeitos:

 

Promove a normalização das transaminasas.

Previne a cirrose, atenuando os surtos inflamatórios.

Diminui as náuseas.

Estimula o apetite.

Faz desaparecer rapidamente vários sintomas hepáticos (icterícia, fadiga, etc.).

Colerético e colagogo, isto é, favorece a formação de bílis no fígado e a contração da vesícula biliar, eliminando a bílis para o duodeno, pelo que também será muito útil em casos de obstipação e dores de cabeça, de origem hepática.

É uma planta que carece de toxicidade. Ao nível da hepatite viral e tóxica, não atua por uma ação antiviral, mas pela sua capacidade de regenerar e proteger as células hepáticas. Observou-se também que a sua eficácia é maior quanto mais cedo o tratamento for estabelecido.

 

Foi-lhe também atribuídas propriedades bequicas (antitussivas), promoção da digestão e propriedades antiespasmódicas.

 

Indicações

Uso interno:

 

- Hepatite viral e tóxica. Lesões hepáticas de origem alcoólica. Lesões no fígado devido à quimioterapia. Prevenção e tratamento dos processos asmáticos. Prisão de ventre e dores de cabeça de origem hepática. Distúrbios digestivos: digestão lenta, inchaço epigástrico, arrotos, flatulência. Úlceras estomacais: deixar as folhas macerarem 20 mn em água e depois beber. Tosse e constipação. Certos processos infecciosos:  herpes circinado, blenorragia. Quanto mais cedo o tratamento for estabelecido, mais rápidos e permanentes são os seus efeitos.

Uso externo:

 

Em caso de feridas: colocar as folhas de Desmodium picadas e maceradas com sumo de limão, durante 15 mn e aplicar sob a forma de compressa na ferida. Também pode ser usado na forma de banhos.

Em caso de convulsões: em forma de banho.

Bibliografia

Berdonces I Serra. (2001). Gran enciclopedia de las plantas medicinales.Tikal. Madrid.

Addy ME. “Some secondary plant metabolites in Desmodium adscendens and their effects on arachidonic acid metabolism”. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids 1992 Sep;47(1):85-91.

N´gouemo P, Baldy-Moulinier M, Nguemby-Bina C. “Effects of an ethanolic extract of Desmodium adscendens on central nervous system in rodents”. J Ethnopharmacol 1996 Jun;52(2):77-83.

Addy ME, Burka JF. “ Effect of Desmodium adscendens fraction 3 on contractions of respiratory smooth muscle”. J Ethnopharmacol 1990 Jul; 29(3):325-35.

Addy ME, Burka JF. “ Effect of Desmodium adscendens fraction on antigen and arachidonic acid-induced contractions of guinea pig airwais”. Can J Physiol Pharmacol 1998 Jun;66(6):820-5.

Addy ME, Dzandu WK. “Dose-response effects of Desmodium adscendens aqueous extract on histamine response, content and anaphylactic reactons in the guinea pig”.J Ethnopharmacol 1986 Oct;18(1):13-20.

Addy ME, Awumey EM. “ Effects of the extracts of Desmodium adscendens on anaphylaxis”. J Ethnopharmacol 1984 Aug;11(3):283-92.


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