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CRAVO

Syzygium aromaticum

Descrição

A árvore do cravo ou craveiro, é uma árvore da família das mirtáceas, originária das Ilhas Molucas, tradicionalmente cultiva-se na Tanzânia, Madagáscar e Indonésia.

 

É uma árvore de folha perene, de 10 a 20 metros de altura. As folhas são lanceoladas e as inflorescências racimosas (tirso). Os botões florais são, no início, pálidos e vão mudando para verde e depois para vermelho brilhante, momento ideal para a sua colheita. Estes botões são formados por um longo receptáculo, que contém o ovário e, sobre o receptáculo, as sépalas (4), as pétalas (4) e numerosos estames. Geralmente são colhidos quando atingem 1,5-2 cm de comprimento

 

São chamados cravo-da-índia ou girofles aos botões (flores que ainda não foram abertas) secas, e são muito usadas como condimento, sejam inteiros ou moídos, mas em pequena quantidade, uma vez que são muito fortes. Também são utilizados para fazer incenso, na cultura chinesa e japonesa, e é um dos ingredientes do incenso judaico, que foi usado no Templo de Salomão.

 

Parte utilizada

Botões de flores secos.

Óleo essencial obtido por destilação a vapor de botões de flores secos.

Princípios ativos

Óleo essencial abundante (15-20%), composto principalmente por eugenol (80-85%). Outros componentes são o acetato de eugenilo e β-cariofileno.

C-glucosilcromonas: bioflorina e isobiflorina.

Taninos (10-13%), entre os quais se destaca a  eugenina ellagitannin. Além disso, encontram-se a casuarictina, telimagrandina I e 1,3-di-O-galoil-4,6(S)-hexahidroxdiifenoil-β-D-glucopiranosa.

Fitosterois: sitosterol, estigmasterol y campestrol.

Flavonoides: eugenina, kaempferol, ramnetina e eugenitina.

Outros: triterpenóides (ácido oleanólico), sesquiterpenos, salicílato de metilo

Ação farmacológica

Antibacteriana: o eugenol do óleo essencial apresenta atividade antibacteriana face a bactérias Gram positivas e Gram negativas. O extrato metanólico mostrou-se ativo contra diferentes agentes patogénicos anaeróbicos, presentes na cavidade oral, sendo os flavonoides kempferol e miricetina os principais responsáveis por esta ação.

Por outro lado, o extrato aquoso inibe o crescimento de Helicobacter pylori.

Antifúngica: o óleo essencial inibe o crescimento de fungos como Candida albicans e Candida neoformans.

Antiviral: a eugenina inibe de forma não competitiva a ADN polimerasa de diferentes estirpes do vírus do herpes simple 1 e 2 e, além disso, aumenta a eficácia terapêutica do aciclovir no tratamento do herpes simple. Por outro lado, casuarictina, eugenina e telimagrandina I interferem na interação das glicoproteínas gp120 e gp41 envolvidas na infeção pelo vírus do VIH.

Anestésica local: o eugenol inibe a condução nervosa, ao ativar os canais de cloreto e cálcio nas células dos gânglios.

Anti-inflamatória: o eugenol inibe a síntese de prostaglandinas e quimiotaxias dos leucócitos.

Antialérgica: descobriu-se que o extrato aquoso inibe a libertação de histamina e estabiliza a membrana doa mastocitos.

Outras: induz a apoptose, intervém na regulação da glicémia.

Indicações

Cuidados orais como antisséptico. Enxaguar a boca com o óleo essencial diluído em água (1-5%) 1 a 3 vezes por dia.

Inflamações leves da mucosa orofaringe. Enxaguos ou gargarejos com o óleo essencial diluído em água (1-5%), várias vezes ao dia.

Odontalgias, como um anestésico tópico. Algodão embebido com algumas gotas de óleo essencial não diluído, ou pelo menos um mínimo de 50% de óleo, e aplicar na zona dolorosa, durante cerca de 20 minutos. Se necessário, pode repetir-se após 2 horas.

Contraindicações

Gravidez e lactação.

 

Precauções

Recomenda-se que não utilize repetida ou prolongadamente.

 

Interações com medicamentos

Não foram reportadas interações com drogas no uso tópico.

No uso interno, devido à ação antiagregante plaquetária do óleo essencial, poderia potenciar o efeito de outros medicamentos antiagregantes plaquetários ou anticoagulantes e aumentar o risco de hemorragia.

Efeitos secundários

A utilização prolongada do óleo essencial, especialmente não diluído, pode danificar a mucosa gengival.

Referências bibliográficas

-.J. Bruneton. Farmacognosia. Fitoquímica. Plantas Medicinales. Editorial Acribia, 2ª edición.

-.Monografía de la SEFIT (Sociedad Española de Fitoterapia).

-.European Medicines Agency (EMA) - Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). Community herbal monograph on Syzygium aromaticum (L.) Merill et M. Perry, floris aetheroeum. London: EMA. Ref. Doc. EMEA/HMPC/534924/2010. Adopted: 13/9/2011.

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-.Batiha GE, Alkazmi LM, Wasef LG, Beshbishy AM, Nadwa EH, Rashwan EK. Syzygium aromaticum L. (Myrtaceae): Traditional Uses, Bioactive Chemical Constituents, Pharmacological and Toxicological Activities. Biomolecules. 2020 Jan 30;10(2).

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