Descrição
É uma ramnácea de porte
arbóreo, natural das zonas temperadas da América do Norte, desde o Centro-Oeste até à Califórnia, cresce em
florestas de coníferas e cultiva-se na África Central.
Tem folhas elípticas,
inteiras e pouco dentadas, de cor verde brilhante; as flores são pequenas, com
cinco pétalas, brancas esverdeadas e agrupadas em umbelas; a casca é algo
aromática e tem um sabor amargo intenso. O fruto é uma drupa preta, que contém
duas ou três sementes brilhantes.
Parte utilizada
A casca dos ramos e do
tronco.
Princípios ativos
Heterosídeos hidroxiantracénicos (6-8%): os principais componentes são os cascarosídeos
(60-70%) A, B, C e D, que são O-heterosídeos de emodina-antrona.
Antrazquinonas livres:
aloemodina, crisofanol, frangulaemodina e fiscion.
Outros: pequenas quantidades
de homodiantronas e heterodiantrons.
Ação farmacológica
Laxante: a ação laxante
deve-se aos heterosídeos hidroxiantracenicos
que, uma vez ingeridos, não são absorvidos e chegam intactos ao cólon
onde são hidrolisados e transformados pelas bactérias intestinais em
metabolitos ativos. A ação manifesta-se pelo aumento do peristaltismo
intestinal, pela estimulação direta das terminações nervosas (por irritação da
mucosa ou por ação no plexo neural) e pelo aumento da secreção de água e dos
eletrólitos no lúmen intestinal, que provoca um aumento da pressão intestinal.
O efeito manifesta-se às
6-12 horas da administração oral.
Indicações
Situações que requeiram
facilitar a defecação: fissuras anais, hemorroidas, após uma operação anal ou
rectal.
Tratamento a curto prazo
em casos de obstipação aguda ou ocasional.
Contraindicações
Gravidez e lactação.
Doenças inflamatórias
intestinais.
Obstrução
gastrointestinal.
Dor abdominal de origem
desconhecida.
Estados de desidratação.
Precauções
Não utilizar durante mais
de uma semana sem supervisão médica.
Interações com medicamentos
Digitalicos: a hipopotasemia,
provocada pelo consumo prolongado da planta, pode aumentar o efeito destes medicamentos.
Quinidina: pode promover
o aparecimento de arritmias.
Medicamentos ou plantas
que produzem hipopotasemia: diuréticos de tiazida, corticoides, alcaçuz.
Estrógenos: a casca
sagrada diminui a absorção intestinal destes compostos, pelo que pode reduzir
os níveis de plasma e os seus efeitos.
Indometcina: pode
diminuir o seu efeito, ao estimular a síntese da prostaglandina E2.
Efeitos secundários
Pode causar cólicas e
fezes semi-líquidas ou diarreia.
Pode provocar alterações
na coloração da urina, amarela-acastanhada ou avermelhada de acordo com o pH,
que não têm significado clínico.
O uso prolongado pode provocar
dependência, devido à alteração da mobilidade intestinal e diminuição do efeito
laxante, com o qual a obstipação piora e a dose deve ser aumentada.
O uso prolongado pode
ulcerar a mucosa do cólon e produzir uma pigmentação escura do mesmo
(pseudomelanosis coli) que reverte vários meses após suspender o consumo da
planta.
O uso prolongado pode provocar
hipopotasemia (diminuição dos níveis de potássio) caracterizada pela debilidade
e cansaço, albuminúria e hematúria.
Monografía de la SEFIT (Sociedad Española de Fitoterapia).
Manual de Fitoterapia. Encarna Castillo García e Isabel Martínez Solís. 2ª edición Elsevier.
European Medicines Agency (EMA). Committee on Herbal Medicinal Products (HMPC). European Union herbal monograph on Rhamnus purshiana DC cortex. Revision 1. Amsterdam: EMA. Doc. Ref.: EMA/HMPC/726270/2016. Published: 27/7/2020.
C. Cirillo, R. Capasso. Constipation and Botanical Medicines: an overview. Phytotherapy Research. https://doi.org/10.1002/ptr.5410.