Descrição
O açafrão, também chamado
de croco, é um bulbo perene que se encontra, principalmente, na Europa e na
Ásia e é amplamente cultivado no Irão, países mediterrânicos (especialmente na
área de Kozani, na Grécia) e Índia. O nome açafrão vem do árabe
"safra", que significa amarelo.
É uma erva com cerca de
10-25 cm de altura, perene, bulbosa e com estruturas aéreas caducas. Tem um bulbo
ovoide de cerca de 3 cm de diâmetro, com brotos apicais dos quais as folhas
surgem, que são lineares, quase cilíndricas e são marcadas longitudinalmente
por uma faixa branca, no seu rosto interno. Apresenta uma ou mais flores
violetas, que têm três estigmas avermelhados.
Porque os três estigmas do
açafrão são a parte verdadeiramente valorizada, e têm de ser colhidos à mão, é
a especiaria mais cara do mundo e foi nomeada como "ouro vermelho" no
Irão. O açafrão é muito utilizado como corante, na indústria alimentar e
farmacêutica, é utilizado na medicina e na indústria da perfumaria.
Parte utilizada
O açafrão é constituído
pelos estigmas e pelos finais dos estilos secos (Stigma croci). Há alguns anos
que as pétalas também são utilizadas.
Princípios ativos
* Estigmas:
Carotenóides heterosídicos:
crocósido ou crocina (digenciobiosido da crocetina), principal responsável pelo
seu poder corante. Além disso, existem outros heterosidos da crocetina com
diferentes graus de glicosidação.
Outros carotenóides: α e
β-caroteno, licopeno e zeaxantina.
Picrocrocósido ou
picrocrocina, um princípio amargo que quando hidrolisado dá origem ao safranal,
que constitui o principal componente da fração volátil (0,6%) e é responsável
pelo seu odor característico.
O açafrão é também uma
fonte de riboflavina (100 μg/g).
* Pétalas:
Os principais
constituintes da pétala são os antociaósidos e os flavonois (kempferol).
Foi descrita a presença
de novos monoterpenóides: crocusatina-J e ácido 4-dihidroxibutírico.
Ação farmacológica
Efeito antidepressivo e
ansiolítico: este efeito deve-se à ação sobre o recetor da serotonina 5-HT2c
(relacionado com ansiedade, sono, apetite, comportamento sexual, humor), e à diminuição
da hiperatividade sobre o eixo hipotálamo-hipofisis-adrenal.
Observou-se também que o
açafrão se comporta como IMAO (inibidor da enzima monoaminaoxidasa), com o
consequente repercussão na alteração da neurotransmissão das aminas biogénicas
(dopamina, noradrenalina e serotonina).
Efeito neuroprotetor: foi
demonstrado que a crocina suprime a morte celular (apoptose) de células
neuronais PC-12, induzida pelo fator de necrose tumoral α (TNFα). Além disso, a
crocina aumenta a atividade da glutatião reductasa nestas células, reduzindo o
stress oxidativo, protegendo-as também da apoptose; paralelamente, exerce
também uma atividade antioxidante maior do que o α-tocoferol, que previne a
peroxidação lipídica.
Ação sobre a aprendizagem
e a memória: em estudos experimentais tem-se observado que o crocina, o
principal carotenóide do açafrão, está envolvido num dos mecanismos de formação
da memória e aprendizagem: a potenciação a longo prazo do hipocampo.
Efeitos observados em relação
à doença de Alzheimer. O açafrão atua, inibindo a formação de fibrilas da
proteína β amiloide e da proteína Tau, e diminui a posterior agregação das mesmas
em forma de novelos.
Também se observou que
contribui para a preservação da via de neurotransmissão colinérgica,
relacionada com a cognição, memória e aprendizagem, ao impedir a degradação da
acetilcolina.
Ação sobre a visão: Pode
ser uma opção de tratamento útil para a DMAE (Degeneração Macular Associonada à
Idade) devido aos seus poderosos efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios, e
alguns estudos sugerem que pode proteger contra o stress da retina.
Alivia os sintomas
associados à síndrome pré-menstrual (SPM) e aos sintomas vasomotores associados
à menopausa, devido às suas propriedades anti-depressivas e anti-inflamatórias.
Ação no tratamento de
distúrbios sexuais (especialmente devido à depressão), tanto em homens como em
mulheres, e na disfunção sexual em adultos, acredita-se também que pode ter um
efeito afrodisíaco.
Outras ações:
antioxidante, hipoglicémico, hipolipemiente, citotóxico, hepatoprotetor, aperitivo
e eupeptico.
Indicações
Depressão leve ou
moderada.
Doença de Alzheimer e
demências em geral: uma vez que tem um efeito benéfico sobre a memória e a capacidade
cognitiva.
Aumento do colesterol.
Prevenção de doenças
cardiovasculares.
Coadjuvante no tratamento
da diabetes tipo 2.
Prevenção da degeneração
macular associada à idade.
Síndrome pré-menstrual e
sintomas vasomotores associados à menopausa.
Contraindicações
Gravidez e lactação.
Precauções
Distúrbio bipolar: O
açafrão pode promover o aparecimento de excitabilidade e comportamento
impulsivo (mania) em pessoas com distúrbio bipolar.
Tensão arterial baixa: O
açafrão pode baixar a pressão arterial.
Diabetes: O açafrão pode
baixar a glicose no sangue.
Interações com medicamentos
Embora não tenha sido descrito,
pode interferir com medicamentos hipoglicémicos, hipotensivos e
anticoagulantes.
Efeitos secundários
Nas doses recomendadas
não é esperada a ocorrência de efeitos secundários.
Em pessoas especialmente
sensíveis pode ocorrer boca seca, ansiedade, tonturas, sonolência, náuseas e
dor de cabeça.
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