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ARNICA

Arnica montana L

Descrição

Planta herbácea, de 20 a 70 cm de altura, com um caule único. As folhas aparecem em rosetas basais e são opostas em pares decusados, de limbo oval e com uma margem inteira. Os capítulos florais são terminais e saem das axilas das folhas superiores. As flores são tubulosas e liguladas, com uma cor amarelo-alaranjado. Fruto em aquenio.

 

É uma planta eurasiática, em prados montanhosos sobre solos pobres em bases.

 

Parte utilizada

Inflorescências.

 

Princípios ativos

Lactonas sesquiterpénicas (0,2-0,8%) do  tipo pseudoguayanólido, principalmente ésteres da helenalina e a 11-13 dihidrohelenalina com ácidos gordos de cadeia curta (ácido acético, ácido isobutírico, 2 mílico-butanoico, isovalerico, alfa-metacrílico e tigolico)

Flavonoides (0,4-0,6%): isoquercitrina, astragalina, glicosídeo de luteolina.

Óleo essencial (0,2-0,35%). Monoterpenos como o timol e os ésteres de timol.

Ácidos fenólicos derivados do ácido cinâmico: ácido cafeico, clorogénico, cinarina e ácido ferúlico.

Hidroxicumarinas: escopoletina, umbeliferona.

Fitoesterois

Polissacáridos heterogéneos de elevado peso molecular (25.000-50.000), contendo ácidos urónicos.

Carotenos responsáveis pela coloração amarela das flores: alfa e beta carotenos, xantofilas mono e dihidroxiladas, derivados epóxidos.

Contém também colina (0,1%), taninos, ácidos gordos livres, poliínos e triterpenos pentáclicos derivados do taraxastano (arnidiol e faradiol)

Ação farmacológica

Classificação terapêutica: PL01. Plantas medicinais anti-inflamatórias.

 

As preparações das flores de arnica têm, especialmente na aplicação tópica, ação anti-inflamatória, analgésica e antisséptica.

 

Anti-inflamatório de uso tópico. As lactonas sesquiterpénicas são responsáveis por esta ação devido ao seu efeito rubefaciente e irritante quando aplicada topicamente. O mecanismo de ação parece estar relacionado com a inibição da ciclooxigenasa e,  portanto, da síntese das prostaglandinas e da inibição da fosforilação oxidativa. A arnica é um eficaz anti-inflamatório local que ajuda à reabsorção dos restos necróticos biológicos que acompanham todo o trauma

Antiagregante plaquetário. Efeito devido às lactonas sesquiterpénicas  que reduzem até 78% os grupos sulfidrilos da superfície das plaquetas.

Anti-histamínico ( lactonas sesquiterpénicas). O extrato aquoso produziu uma atividade anti-histamínica sobre o músculo liso (in vitro).

Antirreumático e antineurálgica (lactonas sesquiterpénicas). A helenalina é, em animais de laboratório, um bom anti-inflamatório e inibidor da síntese de prostaglandinas, por inibição da prostaglandina-sintetasa.

Antibacteriano. Lactonas sesquiterpénicas demonstraram uma atividade antibacteriana in vitro contra bactérias gram+ (Staphylococcus aureus, Micrococcus roseus, Bacillus subtilis) e gram – (Proteus vulgaris.

Antieccematoso. As lactonas sesquiterpénicas inibem a fosforilação oxidativa dos polimorfonucleares e a sua emigração, evitando ao mesmo tempo a rutura das membranas lisossomais.

Hipolipemiante

Analéptico respiratório e cardíaco (inotropo positivo) e circulação ( lactonas sesquiterpénicas)

Colagogo e colerético.

Diurético (lactonas sesquiterpénicos, flavonoides, ácido clorogénico, cinarina e ácido cafeico)

Modulador da atividade reflexa do SNC.

Imunoestimulante a nível experimental (polissacarídeos).

Espasmólia (triterpenos e flavonoides).

Antitumoral. De acordo com vários autores, a folha de arnica contém um princípio antitumoral: amicólido A (latona sesquiterpénica).

Indicações

Recomenda-se a sua utilização exclusivamente tópica.

 

Vulnerario e antisséptico em feridas: Aplicações tópicas em luxações, contusões, hematomas, equimose, machucados, problemas musculares ou articulares do tipo reumático.

Enxaguos ou gargarejos como antisséptico oral em estomatite, amigdalite e faringite.

Contraindicações

Alergia à arnica.

Feridas abertas e dermatite.

Gravidez e lactação.


Precauções

Por via oral é tóxico (há autores que asseguram que não há risco no uso interno da arnica), é muito irritante das membranas mucosas e produz dores abdominais, vómitos, alterações vasomotoras, vertigens, miastenia.

Devido à toxicidade das lactonas sesquiterpénicas sobre o coração, pode ocorrer, embora raramente, colapso.

No uso tópico, podem ocorrer reações alérgicas cutâneas sob a forma de alergias com prurido, dermatite vesicular ou eczema, caso em que é recomendado interromper o tratamento. Devem-se à ação sensibilizadora e alergénica da helenalina e dos seus ésteres.

Interações

Heparina, anticoagulantes orais e antiagregantes plaquetários. A arnica pode potenciar o efeito anticoagulante destes medicamentos, favorecendo o aparecimento de hemorragias.

Estudos

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Estudios sobre la acción antimicrobiana, antiinflamatoria, antirreumática, hipolipemiante, analéptica respiratoria y sobre corazón y circulación de los ésteres de la helenalina y de la dihidrohelenalina:

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Bibliografia

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