Descrição
Planta herbácea anual, de
entre 30 e 60 cm de altura. Originária da Califórnia (Estados Unidos) e baixa
Califórnia (México), é cultivada para fins ornamentais em várias partes do
mundo devido à sua grande ostentação. É tradicionalmente utilizada pelas suas
propriedades sedativas.
Tem hastes erectas,
verde-azuladas, e folhas de pinnatifidas com ápice pontiagudo. As suas flores
são solitárias, axilares, com pétalas amarelas ou alaranjadas e sépalas
soldadas, formando um capuz. O fruto é uma cápsula oblonga com muitas sementes pequenas
e globulares.
Parte utilizada
Utiliza-se a sumidade aérea
florida.
Princípios ativos
Foi identificada nesta
planta uma mistura complexa de alcaloides isoquinoleinicos, entre os quais se
destacam a californidina, a escolicidina, ambas de origem pavinica, e a
laurascolcina do tipo aporfinico. Em menor proporção estão a protopina, a
sanguinarina, a celeritina e a anocriptopina.
A planta também tem
outros componentes, tais como os heterosidos flavónicos (rutósido,
isoquercitrina, isorramnetina),
heterosidos cianogenéticos (linamarina, ácido succinico) e um corante
carotenóide (escolciaxantina).
Ação farmacológica
A papoila da Califórnia é
conhecida principalmente pelas suas propriedades ansiolíticas, sedativas,
indutoras do sono, ligeiramente analgésicas e antiespasmódicas.
Ansiolítica e sedativa:
relacionada com o aumento da fixação do GABA aos recetores sinapticos da
membrana GABAA e à afinidade pelos recetores de serotonina 5-HT1A. Também se
observou a transformação do GABA em morfina, o que ao unir-se aos recetores
opióides potencia a ação sedativa.
Antidepressiva leve: por
inibição da MAO e da dopamina β-hidroxilasa, enzimas responsáveis pela
degradação da noradrenalina, serotonina e dopamina, neurotransmissores
relacionados com o humor, as emoções, a motivação, etc.
Ação hipnótica: reduz o
tempo para adormecer, acalmando a agitação que precede o sono em alguns casos,
melhorando a qualidade do mesmo e reduzindo os derpertares noturnos e os pesadelos.
Função cognitiva: a
inibição das enzimas que degradam a acetil-colina (acetilcolinesterasa e butirilcolinesterasa),
prolonga a ação deste neurotransmissor, o qual está em correlação com a
melhoria cognitiva (memória, pensamento, aprendizagem).
Indicações
Ansiedade, nervosismo.
Distúrbios do sono:
dificuldade em adormecer, despertares frequentes, sono inquieto, ligeiro.
Depressão leve, alteração
de humor.
Todos os tipos de
sintomas de origem nervosa, tais como palpitações, taquicardia, dores no peito,
espasmos digestivos, tosse nervosa, gastralgia etc.
Contraindicações
Gravidez e lactação.
Precauções
Glaucoma: devido à
inibição da degradação das catecolaminas, pode provocar um aumento da pressão
intraocular.
Interações com
medicamentos
Devido ao seu efeito
sedativo, pode aumentar o efeito de outros medicamentos sedativos do SNC ou do
álcool.
Pode potenciar o efeito
de outros medicamentos inibidores da MAO.
Efeitos secundários
Não foram descritos nas
doses recomendadas.
Monografía de la SEFIT (Sociedad Española de Fitoterapia).
Manual de Fitoterapia. Encarna Castillo García e Isabel Martínez Solís. 2ª edición Elsevier.
Gafner, S et al. Alkaloids from Eschscholzia californica and their capacity to inhibit binding of [3H]8- Hydroxy-2-(di-N-propylamino)tetralin to 5-HT1A receptors in Vitro. J Nat Prod. 2006;69(3):432-435. 17.
Rolland, A et al. Neurophysiological Effects of an Extract of Eschscholzia californica Cham. (Papaveraceae). Phytother. Res. 15, 377–381 (2001).
Kleber E.,Schneider W., Schäfer HL., Elstner EF.Modulation of key reactions of the catecholamine metabolism by extracts from Eschscholtzia californica and Corydalis cava. Arzneimittel-forschung, 01 Feb 1995, 45(2):127-131