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ALHO

Allium sativum L

Descrição

 

Planta nativa da Ásia Central e amplamente cultivada em zonas temperadas, em todo o mundo. É uma planta herbácea perene, viva, bulbosa, até 50 cm com folhas cilíndricas compridas. Flores geralmente estéreis, brancas rosadas, em umbelas, permanecendo antes de florescer, envolvidas por uma bráctea membranosa, que termina numa ponta afiada, fruto em cápsula triangular.

 

Parte utilizada

 

Bolbos.

 

Princípios ativos

 

Óleo essencial (0,25-0,30%): no alho fresco, a aliina, é o seu principal componente, que sofre reações de hidrólise, forma 2-propen-sulfenico aliicina. Contém também ajoenos (produtos de auto-condensação).

Glicídio: até 75% de frutanos (polissacarídeos homogéneos)

Vitaminas A, B1, B2, B6, C.

Sais minerais: 2%, (ferro, sílica, enxofre e compostos de tiacianina).

Oligopéptidos.

Fosfolípidos.

Saponósidos.

Enzimas: peroxidasas, lisozime, desoxiribonucleasas e fosfomonosterasas.

Adenosina: 0,5%

Ação farmacológica

 

Hipolipemiante e anti-ateromatoso. Embora existam muitos resultados contraditórios, parece que o alho tem um efeito positivo na hipercolesterolemia, diminuindo os níveis de colesterol total e colesterol LDL; no entanto, não afeta os níveis dos triglicéridos nem do colesterol HDL. O extrato de alho aquoso diminui a biossíntese hepática do colesterol em 20-25% e a sua excisão em 30-35%. Esta ação é exercida ao nível da hidroximetilo-glutaril-CoA e do lanosterol-14ademetilasa.

Vasodilatador periférico. Este efeito é produzido pela redução dos níveis de plasma dos agentes vasopressores, tais como prostaglandinas e angiotensina II, e pela ativação de uma sintasa de óxido nítrico dependente do cálcio, produzindo óxido nítrico.

Hipotensivo leve. Devido ao efeito vasodilatador. É um efeito hipotensivo leve por vasodilatação periférica de arterioles e capilares. Além disso, nas culturas das células endoteliais comprovou-se que um extrato aquoso de alho fresco inibe efetivamente a atividade da adenosina desaminasa, contribuindo assim para a atividade antihipertensiva e vasoprotetora do alho. Alguns autores atribuem a ação bradicardizante e hipotensora ao bloqueio dos recetores badrenergicos.

Antisgregante plaquetário. Esta ação, atribuída por alguns autores aos ajoenos, deve-se à inibição da síntese de tromboxano e ao efeito inibidor nos recetores de plaquetas de ADP, colagénio e fibrinogénio.

Expectorante e fluidificadora de secreções brônquicas. Ação que se deve ao óleo essencial.

Diurético uricosúrico. Pela ação das frutosanasas e do óleo essencial.

Hipoglicémica, ação da alicina, com uma atividade comparável à do tolbutamida.

Vermifugo, pela ação do óleo essencial.

Antioxidante, especialmente contra radicais hidroxilicos e lipoperóxidos. Esta ação deve-se à aliina.

Antisséptico, bacteriostático, bactericida, parasiticida ativo contra amebas, antiviral e fungicida (óleo essencial). Inibe a replicação viral em 30%, pelo que alguns autores estão a estudar a possibilidade de usá-la no tratamento da SIDA e das suas complicações, especialmente a tuberculose.

Antitumoral. Comprovou-se que o alho prevene o desenvolvimento de cancro do estômago. A injeção intratumoral de óleo essencial de alho induz a ação antitumoral dos neutrófilos e macrófagos, observando-se um aumento dos linfócitos T periféricos. Nos modelos in vivo e in vitro, verificou-se que os extratos de alho fresco, bem como alguns dos seus componentes, têm ação preventiva ou citotóxica, face ao desenvolvimento de determinados cancros: pele, mucosa oral, esófago, mama, hepatocelular, linfoma de Burkitt, etc.

O consumo contínuo de alho produz um aumento do hematocrito, da concentração plasmática de insulina e tiroxina, e uma melhoria dos sintomas associados ao défice de cobre.

Indicações

 

Uso interno

 

Arteriosclerose.

Hiperlipidemias.

Hipertensão arterial.

Prevenção de tromboembolismos.

 Caluidicação intermitente.

Arritmias ventriculares e supraventriculares.

Parasitas intestinais: ascaridiasis, oxiurase, giardiase, lambliase.

Disenterias amebiana e bacteriana

Diabetes.

Reumatismo.

Faringite, traqueite, bronquite e asma.

 

Uso tópico

 

Topicamente tem sido usado para o tratamento de calos, verrugas, otite, artrite e artralgia, neuralgia (ciática), candidíase vaginal ou oral e parodontopatias.

Contraindicações

 

Hipersensibilidade ao alho, aos seus componentes ou outros aliáceas.

Lactação. O alho não deve ser utilizado durante a amamentação porque os sulfóxidos podem passar para o leite materno, dando-lhe um sabor desagradável.

Precauções

Hipertireoidismo. O consumo contínuo de alho provoca um aumento da concentração plasmática de tiroxina.

Distúrbios da coagulação. O alho deve ser utilizado com cuidado, no caso de problemas de coagulação, pois pode favorecer o aparecimento de hemorragias.

Hemorragia: hemoptise, hematemese, melena, hematuria, devido à ação anticoagulante do alho.

Não foram descritos efeitos sobre a capacidade de conduzir e utilização de máquinas.

A sua utilização é segura durante a gravidez

Interações

 

Heparina, anticoagulantes orais e antiagregantes plaquetários. O alho pode aumentar os efeitos destes medicamentos, favorecendo o aparecimento de hemorragias.

Antidiabéticos orais e insulina. O alho pode potenciar o efeito dos antidiabéticos orais e da insulina e produzir hipoglicemia; por isso é recomendado reajustar as doses dos mesmos.

 

Reações adversas

 

Não foram descritas nas doses terapêuticas recomendadas. Em doses elevadas, em tratamentos crónicos ou em indivíduos particularmente sensíveis, podem ocorrer várias reações adversas:

 

Digestivas: náuseas, vómitos, diarreia, sensação de plenitude gástrica. Estas alterações devem-se à presença de cristais de oxalato de cálcio.

Respiratórias: a asma raramente pode ocorrer por ingestão ou inalação de alho.

Hematológicas: raramente pode ocorrer diminuição do hematocrito, da viscosidade sanguínea ou hemorragias.

Outras reações que podem ocorrer, embora muito raramente são: dores de cabeça, tonturas, mialgia, fadiga e dermatite.

Externamente, o alho cru pode provocar dermatite de contacto, devido ao seu efeito vesicatório. Se o produto for colocado em contacto com a mucosa ocular, pode ocorrer lacrimejar. A remoção de compostos de enxofre dá um cheiro característico ao suor e ao hálito.

Estudos

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