Descrição
Árvore que atinge até de altura, com a primeira casca branca prateada e depois com manchas pretas. Ramos
jovens suspensos. Folhas pecioladas, ovais, em forma de coração na base e recortadas.
Flores unissexuais, em disposição monoica, formando longos amentos suspensos, de
cor verde-amarelada. Os frutos são samaras aladas. Trata-se de uma espécie de
origem eurasiática, silicicola, típica das zonas temperadas-frias do hemisfério
norte.
Parte utilizada
Folhas de preferência
jovens. Às vezes também a casca e os botões.
Princípios activos
* As folhas: têm como
componentes principais flavonoides e derivados triterpenos.
Flavonoides (2-3%).
Hiperoside, rutoside, kenferol, avicularina, heterosidos de miricitrina,
quercetol e quercitrina.
Triterpenos derivados do
lupano (lupeol e derivados hidroxilados, betulinol e ácido betulinico) e do damareno
(betulafoldiendiol, -triol e tetrol).
Óleo essencial (0,041-1%)
contendo até 98% de monotropitosido que é transformado em salicilato de metilo
por hidrólise enzimática, na presença de água.
Outros: Vitamina C,
carotenos, sais de potássio, ácidos fenólicos (cafetálico e clorogénico),
taninos catequicos, gálicos e elagicos, ácido nicotínico, procionidoles de bi e
triflavonóides.
* A casca: especialmente
rica em taninos, o que lhe confere propriedades cicatrizantes.
Taninos gálicos, elagicos
e catequicos (10%).
Álcool triterpénico:
betulinol.
Óleo essencial (1%) rico
em sesquiterpenos, tais como 14-hidroxi-beta-cariofileno, metilsalicilato,
creosol e guaiacol.
Saponinas triterpénicas,
derivados lupanicos (lupeol e derivados hidroxilados, ácido betulinol e ácido
betulinico) e ácido damarano, papariférico.
Aributanoides e diárilheptonóides glicosilados.
A sua casca destilada
produz um óleo chamado alcatrão de bétula, oleum rusci, oleum betulinum ou
dagget, usado para bronzear couro e como protetor contra insectos. O betulinol
ou cânfora de bétula, é um álcool de cuja destilação seca, se retira um óleo de pirógeno (essência russa,
óleo ou essência de bétula) de um cheiro particular. É a este óleo que deve o
cheiro, a flexibilidade e a força que caracterizam os couros russos.
* Os botões:
Óleo essencial, rico em
hidrocarbonetos e sesquiterpenécicos.
Flavonas metoxiladas, de
carácter lipófilo.
Ação farmacológica
Diurético (flavonoides e
triterpenos). Uma ação diurética é demonstrada, aumentando a excreção de água e
eletrólitos. Ureia e ácido úrico. Este efeito diurético é favorecido, talvez
devido ao alto teor de vitamina C. O aumento da diurese também previne a
formação de areia nos rins e na bexiga.
Anti-inflamatório
(salicilato de metilo).
Analgésico e febrífugo
(salicilato de metilo).
Antisséptico e
antifúngico (óleo essencial).
Cicatrizante (taninos).
Lipolíptico: facilita a
resolução dos nódulos de celulite.
Colerético e colagogo suave.
Indicações
Infeções genitourinárias:
cistite, uretrite, pielonefrite.
Litíase renal, cólica
nefrítica.
Edema, oligúria,
hiperuricemia, gota, hiperazotemia.
Em uso tópico: coadjuvante
no desconforto reumático e celulite.
Contra-indicações
Gravidez e lactação.
Precauções
É aconselhável acompanhar
com uma ingestão abundante de líquidos (pelo menos 2 litros por dia) para
evitar a desidratação.
Úlcera péptica e
gastrite. A bétula pode causar um agravamento destas patologias devido ao
efeito ulcerogénico dos taninos.
Em caso de edema causado
por insuficiência renal ou cardíaca, a bétula deve ser utilizada sob supervisão
médica.
Efeitos secundários e
toxicidade
Digestivos: Podem ocorrer,
raramente, náuseas, vómitos, gastralgia, gastrite ou prisão de ventre devido à
presença de taninos.
Dermatológicos/alérgicos:
em indivíduos sensíveis pode ocorrer uma erupção exantemática com a formação de
bolhas pela bétula.
O fármaco carece de toxicidade em doses razoáveis, no entanto o óleo essencial de bétula é muito tóxico devido ao seu alto teor de salicilato de metilo, tanto por via interna como externa, uma vez que é absorvível pela pele. Acidentes graves foram descritos em crianças, e a ingestão de 10 ml do óleo essencial pode ser fatal. A intoxicação ocorre com náuseas, vómitos, edema pulmonar e convulsões.
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